Em 2018, na reta final da campanha, Jair Bolsonaro disse, em entrevista, que iria acabar com o instituto da reeleição, começando pela dele.
“Pretendo fazer — vou conversar com o parlamento também — uma excelente reforma política. Pretendo acabar com o instituto da reeleição, no caso começa comigo, se eu for eleito”, disse.
Prometeu também propor a redução no número de parlamentares.
Depois de eleito, a promessa virou letra morta, assim como a defesa que ele fazia contra o foro privilegiado.
Hoje, seu filho luta pela para garantir o privilégio e não ser condenado por peculato, lavagem de dinheiro e associação criminosa, no caso das rachadinhas.
A palavra de Bolsonaro vale tanto quanto uma nota de R$ 3.
O Congresso, por sua vez, poderá discutir o fim da reeleição, a começar pela possibilidade de Bolsonaro ter mais um mandato na sequência deste.
A medida valeria também para prefeitos e governadores, inclusive os atuais.
Possibilidade de reeleição não é direito adquirido.
Em 1997, quando a emenda da reeleição foi aprovada, inclusive com compra de votos no Congresso, Fernando Henrique, então mandatário, foi alcançado pela mudança.
Da mesma forma, raciocina o deputado Alessandro Molon, do PSB, autor da emenda que acaba com a reeleição, a mudança poderá começar pelo atual mandatário.
Líderes da maioria dos partidos com assento no Congresso, também são favoráveis ao fim da reeleição, conforme reportagem publicada hoje no Estadão.
O PT, mesmo quando ocupava a presidência, votou a favor do fim da reeleição em projeto que tramitou no parlamento. Partidos de direita, incluindo PSDB e DEM, garantiram a manutenção do ocupante do cargo ter direito a um segundo mandato.
FHC sempre disse, da boca para fora, que não se empenhou para criar a reeleição no Brasil. Mas seu então sócio e ministro, articulador principal do governo, Sérgio Motta, apareceu no escândalo da compra de votos.
Os principais financiadores do projeto político de FHC também trabalharam para criar a reeleição. Olavo Setúbal, controlador do Itaú, foi citado na delação do ex-deputado Pedro Corrêa, como tendo comprado pessoalmente o voto de parlamentares.
Setúbal sempre negou, mas,V’ nos livros de memória de FHC, Setúbal é citado como muito empenhado na articulação para aprovar a emenda, que era de autoria de Mendonça Filho, chamado de Mendoncinha, que mais tarde seria um dos líderes do golpe contra Dilma Rousseff e ministro de Michel Temer.