
Imagens aéreas exibidas nesta quinta-feira (11) mostraram dezenas de carros da Enel estacionados no pátio da concessionária enquanto mais de 1,5 milhão de moradores seguiam sem energia em São Paulo. A cena, registrada pela TV Globo no auge do maior apagão recente na capital, provocou forte reação de autoridades e colocou em evidência novamente a fragilidade da infraestrutura elétrica do estado.
A empresa afirma que 1.500 equipes estão atuando no restabelecimento e que a frota extra seria usada para evitar atrasos nas trocas de turno.
TV Globo flagra carros da concessionária Enel parados dentro do pátio da empresa; mais de 1 milhão de pessoas amanheceram sem energia elétrica em São Paulo nesta quinta-feira (11) https://t.co/vbPvHvx8BH #g1 pic.twitter.com/dIHoBVpFSp
— g1 (@g1) December 11, 2025
O blecaute ocorreu após ventos históricos descritos pelo Inmet como inéditos por ocorrerem sem chuva ou tempestades associadas. As rajadas chegaram a 98,1 km/h e se estenderam da manhã de quarta-feira (10) até a noite, em um comportamento incomum pela duração.
A força do vento derrubou árvores, danificou redes e interrompeu energia em mais de 2 milhões de pontos, afetando também o bombeamento de água em vários bairros e cidades da Grande São Paulo.
A Companhia de Engenharia de Tráfego registrou 235 semáforos apagados, 20 inoperantes e outros cinco no amarelo piscante, o que resultou em congestionamentos que atingiram 203 quilômetros às 7h. Parques municipais amanheceram fechados, e a reabertura segue condicionada à segurança de cada área.
Já a Sabesp informou que bairros como Americanópolis, Cangaíba, Parelheiros, Vila Formosa e Vila Romana continuam com abastecimento prejudicado, assim como cidades como Mauá, Itapecerica da Serra, Santa Isabel e Guarulhos.
A Prefeitura de São Paulo notificou a Enel e a Aneel após as imagens dos carros parados, questionando a operação e a “paralisação de frota significativa de veículos”. Em nota, o município afirmou que “somente uma fração reduzida de veículos de atendimento circula nas ruas” e lembrou que falhas semelhantes ocorreram em 2023 e 2024. A Enel tem 48 horas para responder.
O Executivo municipal reforçou que já acionou o TCU, o Procon e a Justiça contra a concessionária, incluindo pedidos de multa, apresentação de plano de contingência e solicitação de cancelamento do contrato de concessão.
Paralelamente, a Aneel também cobrou explicações e quer informações detalhadas sobre o evento climático, o plano de contingência, o horário em que a empresa tomou conhecimento da formação do ciclone extratropical e a mobilização das equipes.
A agência exige ainda a apresentação da “Curva de Recomposição”, comprovações sobre a estrutura operacional da distribuidora e justificativas para o fato de a empresa não ter se preparado diante do alerta meteorológico.