
A suspeita de motivação política e homofóbica passou a ser o principal ponto levantado pelo casal de turistas de Mato Grosso após as agressões sofridas na praia de Porto de Galinhas, no município de Ipojuca, no Litoral Sul de Pernambuco. Johnny Andrade e Cleiton Zanatta afirmaram que a violência, ocorrida no sábado (27), ultrapassou um desentendimento comercial e teria sido influenciada por preconceito e pelo “clima de polarização política no país”.
Em entrevista ao Estadão, Johnny disse acreditar que o ataque não se limitou à discussão sobre o valor cobrado pelo aluguel de cadeiras. “Da forma como eles nos trataram, a gente acredita que esse foi um motivo também. Não foi só pelo preço da cadeira, teve motivação homofóbica”, afirmou.
GENTE? Casal gay que foi atacado em praia de Porto de Galinhas, no Nordeste, insinua que podem ter levado a surra por serem homens de direita. pic.twitter.com/efbezk2TCq
— POPTime (@siteptbr) December 29, 2025
Já Cleiton, seguidor do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), em conversa com a TV Guararapes, sugeriu que o episódio também pode estar relacionado à polarização política. “Eu acredito na questão homofóbica ou nessa questão que está aí no país, de esquerda e direita. Porque o Johnny estava usando uma sunga amarela do Brasil. Eu tenho meu partido, minha situação, mas nem falo pra ninguém porque somos empresários no Mato Grosso”, disse.
Na ocasião, ele deixou nas entrelinhas que serem empresários e do Centro-Oeste, uma região de maioria de eleitores de direita, além das vestes verde a amarela, poderiam ter motivado a ira dos locais. O casal ainda teria atribuído aos moradores de Porto de Galinhas o estereótipo de “petistas”, considerando as consecutivas vitórias do PT nas eleições presidenciais.

As agressões
Segundo o casal, eles chegaram à praia por volta das 10h e foram informados por um barraqueiro de que o valor seria de R$ 50 pelo uso das cadeiras, caso não houvesse consumo. Ao longo do dia, consumiram duas águas de coco e não foram avisados de qualquer alteração no preço.
No fim da tarde, ao pedir a conta, teriam sido surpreendidos com a cobrança de R$ 80. “Eu falei: ‘cara, isso você não explicou para a gente. Até então você tinha cobrado R$ 50, agora quer cobrar R$ 80′”, relatou Johnny.
Ao se recusar a pagar o novo valor, Johnny afirma ter sido atacado. “Ele já pegou uma cadeira e arremessou na minha cara. Eu me defendi com o braço, mas quando eu vi, já tinha caído no chão e aí juntou outros barraqueiros”, contou. Segundo ele, entre 15 e 20 pessoas participaram das agressões. Cleiton conseguiu se afastar para pedir ajuda, enquanto o companheiro continuava sendo agredido na areia.
A polícia de Pernambuco já identificou quatorze pessoas da multidão que agrediu um casal de turistas na praia de Porto de Galinhas, em Ipojuca, no final de semana. Nesta segunda-feira, 29, a governadora Raquel Lyra (PSD) chamou o caso de “inadmissível” e afirmou que todos os… pic.twitter.com/ADXLCoq3c2
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O casal foi retirado do local com apoio de guarda-vidas civis e levado à delegacia. Antes, precisaram buscar atendimento médico por conta própria, já que não houve disponibilização de ambulância. Johnny passou por exames em um hospital de Ipojuca, não teve fraturas constatadas e recebeu medicação. “Se a gente não conseguisse escapar deles, eles iriam matar a gente. Eu vi a morte na nossa frente”, disse.
Os barraqueiros envolvidos negam qualquer motivação homofóbica ou política. Em vídeos publicados nas redes sociais, um deles afirma: “Não foi um caso de homofobia. Estão tentando atrelar isso à história e não foi”. Eles alegam que o casal teria concordado com o valor de R$ 80 e depois se recusado a pagar. A Secretaria de Defesa Social de Pernambuco informou que 14 pessoas foram identificadas e serão indiciadas. A barraca onde o conflito começou teve o funcionamento suspenso.
Barraqueiros acusam turistas de estarem embriagados após as agressões em Porto de Galinhas. E você, acredita nessa versão ou acha que estão tentando inverter os fatos?
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— Racreche Arrependida (@racreche) December 29, 2025