
Um vídeo gravado por um policial do Bope com o celular mostra o avanço de agentes em direção a traficantes na região de mata conhecida como Vacaria, no Rio de Janeiro. O registro indica disparos vindos de diferentes direções enquanto equipes tentam consolidar posição no terreno. Na parte baixa dos complexos da Penha e do Alemão, policiais civis se deslocavam pelas ruas e vielas, o que fez grupos armados recuarem para áreas mais altas da comunidade. Com informações do G1.
As câmeras corporais acopladas aos uniformes dos agentes registraram uma sequência de confrontos durante a operação desta terça-feira (28). O ambiente urbano, com construções irregulares, becos e rotas estreitas, dificultou a movimentação das equipes. Quatro policiais morreram na ação. O Bope também empregou bombas de gás contra criminosos que se movimentavam pela mata, gerando nuvens que limitaram a visibilidade.
Um dos vídeos mostra o socorro a um policial do Bope ferido na perna. Ele usava máscara preta para evitar a inalação do gás usado pela própria tropa. O agente recebeu atendimento, foi encaminhado ao hospital e já teve alta. Em outra gravação, feita por drone, é possível ver o lançamento de uma bomba de gás contra suspeitos que tentavam se esconder atrás de estruturas improvisadas.
As barreiras montadas por criminosos seguem sendo um obstáculo relevante. Barricadas formadas por carcaças de carros queimados e entulho dificultam o acesso de ambulâncias e equipes de resgate. Um blindado precisou rebocar alguns desses materiais para liberar caminho. A Polícia Civil informou que todos os 117 corpos recebidos pelo Instituto Médico-Legal foram periciados. Desses, 109 foram identificados, e 99 liberados às famílias.
Segundo o Ministério Público, 69 pessoas foram denunciadas no inquérito que motivou a operação. Até o momento, cinco foram presas. Entre os procurados, está o traficante conhecido como Doca, apontado como liderança na região. Do total de 113 presos durante a ação, dois foram libertados após a audiência de custódia. A investigação aponta ligação de parte do grupo com o Comando Vermelho, organização criminosa atuante no Rio.
Exclusivo – Um vídeo gravado por um policial do Bope com o celular mostra o momento do confronto com traficantes na região de mata conhecida como Vacaria, no Rio de Janeiro. Enquanto isso, na parte mais baixa dos complexos da Penha e do Alemão, homens da Polícia Civil avançavam… pic.twitter.com/e4v6x5hFa2
— g1 (@g1) November 1, 2025
No bairro da Penha, moradores relatam a tentativa de retorno à normalidade após dias de tensão. Locais tradicionais, como a Igreja da Penha e o parque de diversões, tiveram movimento reduzido no fim de semana. No comércio do calçadão, lojistas relatam queda brusca nas vendas. Um dos comerciantes afirmou que o fluxo de pessoas permanece menor, apesar da reabertura dos estabelecimentos.
Moradores comentaram que a retomada do ritmo cotidiano pode levar alguns dias. Eles citam preocupação com eventuais novas operações e o impacto psicológico após o confronto. Para trabalhadores e comerciantes da região, a continuidade das atividades depende da presença de policiamento e da ausência de bloqueios de acesso. A sensação é de incerteza, mesmo com a circulação de pessoas voltando gradualmente.
A área dos complexos da Penha e do Alemão, historicamente marcada por disputas territoriais entre facções criminosas e operações policiais, concentra pontos considerados estratégicos para grupos armados. Durante esta operação, equipes de diferentes unidades foram mobilizadas para reduzir a capacidade de circulação dos suspeitos. Blindados ocuparam vias principais, enquanto drones e câmeras corporais registraram o deslocamento das equipes.
No fim do domingo (1), o movimento em mercados, farmácias e pequenos comércios começou a subir, ainda que longe do observado antes da operação. Moradores relatam que a rotina escolar e o transporte público foram afetados ao longo da semana. Alguns trajetos chegaram a ser interrompidos, e motoristas de aplicativos evitaram circular em determinados horários. A expectativa é que o fluxo de serviços se estabilize.
Apesar do retorno gradual das atividades, relatos indicam que a memória do confronto permanece presente. Moradores dizem que não é simples ignorar o ocorrido, mencionando sons de tiros, helicópteros e a presença de blindados. Comerciantes afirmam torcer para que eventos semelhantes não se repitam, destacando a necessidade de segurança mínima para funcionamento regular do bairro.