
O secretário da Segurança Pública de São Paulo, Guilherme Derrite, afirmou na última segunda-feira (6) que ainda não há respostas conclusivas sobre a origem da contaminação de bebidas alcoólicas com metanol no Estado, descartando a participação do Primeiro Comando da Capital (PCC), contrariando a linha de investigação da Polícia Federal, e prestando uma “consultoria” para a facção criminosa, sobre como “lucrar mais”.
De acordo com o SSP, não vale a pena para o PCC falsificar bebidas, pois o lucro deste tipo de crime é “exponencialmente” menor que o do tráfico de drogas.
Desde agosto, foram registrados 14 casos confirmados e 178 suspeitos de intoxicação. Derrite listou duas hipóteses principais em investigação: lavagem de vasilhames com metanol, substância tóxica, para a falsificação de destilados, ou a mistura direta do composto químico com etanol.
Durante o anúncio do pacote antimetanol do governo paulista, Derrite se apressou em reforçar que não há indícios de ligação do esquema com o PCC. “Não há nenhum indício de participação do crime organizado”, disse o secretário para surpresa dos jornalistas que acompanhavam a coletiva. “O crime organizado no Brasil, e em São Paulo, tem por objetivo principal o lucro. Esse lucro é exponencial maior no tráfico de drogas”, aconselhou.
Derrite ainda questionou o motivo de uma facção – já presente em diversos braços criminais, como adulteração de combustíveis, golpes bancários e até fraudes de investimentos em fintechs da Faria Lima, polo comercial apoiador dele e do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) – “migrar para um negócio muito menos rentável”.
1/ A coisa tá feia — e é bem mais grave do que parece.
O secretário de Segurança Pública de São Paulo, Guilherme Derrite, afirmou que o PCC não poderia estar envolvido com as mortes por metanol porque bebidas não dão tanto lucro quanto a cocaína.Sim, o homem responsável por… pic.twitter.com/sEvZ4PB8Vz
— Tabata Amaral (@tabataamaralsp) October 7, 2025
A afirmação segue a posição do governador, que também negou conexão da facção com a adulteração de bebidas. Apesar disso, a Polícia Federal e o Ministério da Justiça, via Ricardo Lewandowski, que não descartaram a possibilidade de envolvimento do PCC.
Derrite detalhou que as destilarias clandestinas fechadas em cidades como Americana, Sumaré, São Bernardo do Campo e Osasco não eram operadas por integrantes do PCC. Nenhum dos 41 presos até o momento no Estado é “faccionado”.
“Os donos desses locais podem até trabalhar em associação, mas não nos moldes do crime organizado, que possui uma estrutura hierarquizada, com funções pré-definidas”, defendeu. Segundo ele, a atuação dessas pessoas caracteriza organização informal e não segue os padrões de uma facção estruturada.