
Durante a sessão da Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF), o ministro Flávio Dino cobrou respeito à instituição após a sustentação oral do advogado bolsonarista Jeffrey Chiquini, que defende o tenente-coronel Rodrigo Bezerra Azevedo. O caso envolve dez réus, nove conhecidos como “kids pretos” e um policial.
A intervenção de Dino ocorreu logo depois da fala do advogado, que havia feito duras críticas ao Ministério Público e às investigações. Ele afirmou que a tribuna do STF não deve ser tratada como espaço político.
“Esta não é uma tribuna parlamentar. Não é uma tribuna do Tribunal do Júri, e vale também para outras manifestações externas a este plenário. O tribunal tem sido, ao longo desses mais de 100 anos de República, extremamente leal com a advocacia brasileira; portanto, reivindicamos idêntico tratamento, não só nesta tribuna como fora dela”, disse o ministro.Ex
O ministro também destacou a importância de preservar a formalidade e os ritos do tribunal. “Uma das razões da deterioração da política em nosso país foi quando se perdeu a noção dos ritos”, afirmou. A observação foi interpretada como uma defesa da postura institucional e do equilíbrio entre as partes durante os julgamentos.
➡️ Dino reage à fala de advogado de kid preto: "Exigimos respeito"
O ministro Flávio Dino, presidente da Primeira Turma do STF, fez o alerta durante julgamento de 10 réus, sendo 9 kids pretos e um policial pic.twitter.com/s18AzF7gab
— Metrópoles (@Metropoles) November 12, 2025
Flávio Dino aproveitou o momento para valorizar o trabalho dos advogados e do Ministério Público. “Quem acompanha esses julgamentos sabe da importância das sustentações orais. Elas têm sido determinantes para rejeitar denúncias, definir absolvições e dosimetrias”, disse.
Para o ministro, o tribunal tem sido coerente ao analisar com seriedade o conjunto de provas apresentado por ambas as partes. Encerrando sua manifestação, Dino reforçou que o STF exige o mesmo respeito que oferece.
“Sabemos bem o nosso papel e temos agido com serenidade, prudência e equilíbrio. Apenas fazemos questão de acentuar que o tribunal, assim como faz em relação às partes, é destinatário também desse dever legal de respeito”, concluiu.
A fala de Dino ocorreu após uma sustentação oral marcada por tensões. Jeffrey Chiquini classificou a denúncia do Ministério Público como “a pior já vista em toda a sua vida” e questionou a validade de provas apresentadas pela acusação.
O advogado também utiliza suas redes sociais para fazer críticas às investigações conduzidas pela Polícia Federal. Durante o julgamento, Chiquini chegou a reclamar de uma reação do procurador Paulo Vasconcelos Jacobina, que teria rido enquanto ele falava. “Desculpa, não sei o que é engraçado. O procurador rindo enquanto eu falo. Não sei o que tem graça nisso”, disse o defensor, visivelmente irritado.