
O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSD), foi o principal alvo de vaias durante a abertura da 48ª Expointer, nesta sexta-feira (5), em Esteio. O protesto reuniu agricultores e pecuaristas endividados que criticaram autoridades presentes, público predominantemente bolsonarista. Embora a mobilização fosse voltada também à União, o nome do político concentrou as manifestações mais intensas.
No discurso, feito na pista central do Parque Assis Brasil, o governador disse reconhecer a legitimidade do ato, mas reagiu com firmeza. “Não tem problema em me vaiar. Já fui vereador de Pelotas e sob vaias virei prefeito. Quando prefeito, fui vaiado e depois eleito governador. Vaiado de novo, fui reeleito. Então, mesmo com a vaia de vocês eu vou seguir em frente na minha carreira política para defender o que é certo, o que é justo”, declarou.
Leite acusou setores de promoverem “tentativa de captura política” do movimento, afirmando que isso não contribui com os produtores. Ele também dirigiu críticas a representantes do governo federal presentes. No momento do ato, políticos gaúchos como Marcel van Hattem (Novo) e Luciano Zucco (PL) estavam junto aos manifestantes.
O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, foi alvo de vaias durante seu discurso na cerimônia de abertura oficial da Expointer 2025, realizada nesta semana. Em meio à reação do público, o governador respondeu com firmeza, mostrando que as vaias não o desencorajam.
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— Porto Alegre 24 Horas (@portoalegre24h) September 5, 2025
O governador destacou ações do Estado voltadas ao agronegócio, como a redução de 50% nos casos de abigeato, investimentos em estradas, desburocratização de processos de irrigação e aporte de R$ 150 milhões do Banrisul para prorrogar dívidas rurais. “O Rio Grande do Sul tem o maior programa de recuperação de solos do país e segue trabalhando para dar condições ao produtor rural”, afirmou.
Durante a cerimônia, manifestantes ergueram faixas, apitos, balões e coroas de flores em memória de agricultores que cometeram suicídio em meio ao endividamento. Segundo os organizadores, ao menos 24 produtores rurais do estado tiraram a própria vida nos últimos anos.
A principal reivindicação foi a aprovação do Projeto de Lei 5.122/2023, que trata da securitização de dívidas rurais, permitindo renegociação em até 15 anos, com três de carência.
Ainda nesta sexta, o governo federal anunciou uma Medida Provisória que libera R$ 12 bilhões para renegociação de débitos agrícolas em todo o país, com juros de 6% a 10% ao ano. Leite afirmou que o valor pode não ser suficiente e defendeu ajustes no Congresso para ampliar o alcance da medida.