O presidente Lula se emocionou durante sua entrevista a jornalistas de Angola realizada neste sábado (26). Ao falar sobre a fome e desigualdade no mundo, o petista declarou que “a desigualdade é aceitável quando você pode pagar R$ 30 mil em um terno e eu posso pagar R$ 20. Mas quando você pode pagar R$ 30 e eu não posso pagar nada, começa a ficar difícil. Quando você pode comer três vezes em um dia e eu não posso comer nenhuma, fica difícil”.
Já com a voz embargada, Lula disse que estamos certos em “nos preocupar com a questão climática”, mas pediu “pelo amor de Deus” para olharem para a desigualdade, citando gênero, raça e educação, além da financeira. Defendendo a negociação de dívidas de países africanos com o Fundo Monetário Internacional, ele disse que o FMI tem que levar em conta que “precisamos resolver o problema de 735 milhões de pessoas que passam fome no mundo”.
“De vez em quando a Janja pergunta: ‘você está chorando?'”, disse lula com lágrima nos olhos. “É inacreditável. Um mundo que tem tecnologia, que tem genética, produz alimento e você vê aquelas crianças esqueléticas morrendo e os Médicos sem Fronteiras pedindo R$ 1. Um Real. Quem é que não pode dar um Real? Mas as pessoas não dão porque isso não toca nelas”, argumentou.
Veja a partir do minuto 52 da entrevista:
Lula também anunciou a possibilidade de abertura de um Consulado Geral em Luanda, capital de Angola. A declaração tem objetivo de reforçar os laços entre Brasil e continente africano. O presidente brasileiro destacou a importância da relação entre os dois países e a relevância de Angola. “Com aproximadamente 30 mil brasileiros, Angola já abriga nossa maior comunidade em todo continente africano, por isso, instrui o chanceler Mauro Vieira a estudar a abertura de um consulado geral em Luanda, que seria o primeiro em um país de língua portuguesa na África”, afirmou.
O Consulado-Geral, uma divisão do Ministério das Relações Exteriores, é responsável por uma série de serviços, incluindo a emissão de passaportes e certidões de nascimento. A abertura de um consulado em Luanda fortaleceria as relações diplomáticas e a assistência consular entre os dois países.
Além do anúncio relacionado ao consulado, Lula também enfatizou a importância da cultura no fortalecimento dos laços entre Brasil e Angola, destacando que “a volta do Brasil à África se fará também pelos caminhos da cultura”. Durante a visita, o presidente brasileiro assinou sete acordos de cooperação entre Brasil e Angola, sinalizando o interesse mútuo em colaborações em diversas áreas.
A visita de Lula à Angola ocorreu após sua participação na cúpula de líderes do Brics, realizada na África do Sul. O giro pela África ainda incluirá uma parada em São Tomé e Príncipe, reforçando a busca do ex-presidente por maior proximidade e cooperação com os países africanos e em desenvolvimento.