VÍDEO: em autodelação, Bolsonaro revela medo de ser preso em caso de falha no plano golpista

Atualizado em 10 de fevereiro de 2024 às 18:41
Reunião ministerial na qual Jair Bolsonaro convoca ministros a agir antes da eleição. Foto: reprodução

No vídeo da reunião realizada no Palácio do Planalto em 5 de julho de 2022, é perceptível o receio do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e de ministros sobre a possibilidade de serem presos em caso de derrota nas eleições.

Em determinado momento, Bolsonaro expressou preocupação com a perspectiva de ser detido por “ato antidemocrático”, enquanto Anderson Torres, então ministro da Justiça, alertou para as consequências caso Luiz Inácio Lula da Silva (PT) vencesse o pleito.

“Eu não tenho dúvida do que está acontecendo. Eu tenho que me virar acreditando que vai dar tudo certo ano que vem? Eu vou descer daqui da rampa preso por atos antidemocráticos”, disse Bolsonaro durante a reunião.

Houve também um momento em que o general Augusto Heleno, chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), mencionou conversas sobre infiltrar espiões em campanhas, levando Bolsonaro a solicitar uma discussão particular sobre o assunto.

Anderson Torres, por sua vez, destacou a preocupação geral com o cenário eleitoral, mencionando a prisão da ex-presidente interina da Bolívia Jeanine Áñez como um exemplo preocupante.

“Tem muitos aqui que eu não sei nem se têm estrutura pra ouvir o que a gente está falando aqui. Com todo o respeito a todos. Mas eu queria começar por uma frase que o presidente colocou aqui, que eu acho muito verdadeira(…). Senhores, todos vamos se foder!”, declarou Torres.

O então ministro da Justiça também abordou o medo “velado” presente entre os presentes, descrevendo o ambiente como ameaçador diante dos desdobramentos políticos.

Em outro momento, Bolsonaro sugeriu que apenas sua fala estava sendo gravada, o que gerou questionamentos sobre a gravação completa da reunião.

“A reunião está sendo gravada?”, perguntou Wagner Rosário, ex-ministro-chefe da Controladoria-Geral da União, enquanto Bolsonaro e Walter Braga Netto, ex-ministro da Casa Civil, negaram a gravação completa, indicando que apenas a fala do presidente estava sendo registrada.

Operação Tempus Veritatis

Realizada no dia 8 de fevereiro, a Operação Tempus Veritatis bateu à porta de bolsonaristas investigados por tentativa de golpe durante o governo de Jair Bolsonaro. Filipe Martins, ex-assessor especial de Bolsonaro, Marcelo Câmara, coronel da reserva do Exército, Rafael Martins, major das Forças Especiais do Exército e Bernardo Romão Corrêa Netto, coronel do Exército, foram alvos de prisões na ação.

Outros nomes notáveis no governo como o general Augusto Heleno, que chefiou o GSI, e Walter Braga Netto, ex-ministro-chefe da Casa Civil foram alvos de busca e apreensão, assim como Bolsonaro e o presidente do Partido Liberal, Valdemar Costa Neto, que terminou detido por porte ilegal de arma e de uma pepita de ouro de garimpo, de origem desconhecida.

Após a Operação, o ministro Alexandre de Moraes tornou pública a gravação na íntegra de uma reunião com a trama golpista entre os bolsonaristas, realizada em julho de 2022, pouco antes das eleições.

Alguns dos principais pontos dessa reunião incluem a intenção de Heleno infiltrar agentes da Abin na campanha de Lula para espioná-lo, contestações das urnas eletrônicas, e chamados para “virar a mesa” antes que o pleito eleitoral fosse realizado em outubro daquele ano.

Veja a íntegra da reunião em julho de 2022: 

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