Morto a tiros no Aeroporto Internacional de Guarulhos, na Grande São Paulo, nesta sexta-feira, 8, o empresário Antonio Vinicius Lopes Gritzbach era delator de uma investigação sobre lavagem de dinheiro do Primeiro Comando da Capital (PCC).
Entre os bandidos, dizia-se que havia um prêmio de R$ 3 milhões pela cabeça do delator. Gritzbach foi atingido em várias partes do corpo, como cabeça, tórax e braços. Conforme a perícia, uma dupla, com dois fuzis, realizou pelo menos 27 disparos.
O PCC o acusou de desviar R$ 100 milhões destinados a investimentos em criptomoedas e de ordenar o assassinato do traficante Anselmo Becheli Santa Fausta, conhecido como Cara Preta, e de seu motorista, Antônio Corona Neto, apelidado de Sem Sangue. Após a morte de Cara Preta em 2021, membros do PCC convocaram Gritzbach para uma reunião na casa de um integrante do grupo.
Em entrevista ao Domingo Espetacular da TV Record, Gritzbach falou sobre sua relação com Anselmo: “Era uma relação de cliente com o Anselmo. Não desconhecia esse apelido (Cara Preta). Era uma pessoa do bem. A minha atribuição era intermediar a compra e venda de imóveis. Ele me procurou e disse que queria investir. Fez uma compra de R$ 12 milhões. Ele era uma pessoa que tinha família, que frequentou o escritório algumas vezes. Não tinha inimizade, descontentamento entre nós”.
Questionado sobre a morte de Anselmo e Antônio, ele disse: “Não foi fácil porque eram clientes. Em momento algum achei que seria acusado. Não mandei matar ninguém. Eu não tive participação nenhuma. Em nenhum momento o Anselmo me incomodou. Estou sendo acusado injustamente porque talvez teria um plano deles que deu errado e eu não morri. Pessoas que orquestraram um plano de me matar.”
Gritzbach ficou retido pela facção por 9 horas durante um “tribunal do crime”, segundo seu depoimento às autoridades. Ele foi liberado sob a condição de que recuperaria o dinheiro desviado, mas acabou preso e decidiu colaborar com a justiça. Em setembro de 2023, sua delação premiada foi aceita pelo Ministério Público de São Paulo e homologada pela Justiça em abril.
Na delação, ele também acusou dirigentes de empresas que agenciam jogadores de futebol de lavarem dinheiro para o PCC, incluindo Danilo Lima de Oliveira, o Tripa, da Lion Soccer Sports. Tripa, descrito por Gritzbach como extremamente violento, teria participado do sequestro onde Gritzbach foi torturado e forçado a ligar para familiares para se despedir, com ameaças de ser esquartejado. A empresa de Danilo agencia jogadores da Série A do Campeonato Brasileiro.
Ivalda Aleixo, diretora do Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP), comentou sobre o caso em entrevista ao Brasil Urgente: “É uma situação em que ele (Gritzbach) estava exposto ali, vinha sendo ameaçado. Ele, nas duas vezes em que nós falamos com ele, acreditava que era alvo de integrantes do crime organizado. Porque ele é confesso em falar que agiu lavando dinheiro para o PCC. Já era alvo de processo junto ao Deic por essa lavagem de dinheiro. Ele sabia muita coisa do PCC, sabia onde estavam colocando esse dinheiro.”