
Na terça-feira (21), os Estados Unidos realizaram um ataque a uma embarcação em águas internacionais do Pacífico, ao largo da costa da América do Sul. A ação resultou na morte de duas pessoas, conforme anunciado pelo secretário de Defesa, Pete Hegseth, em uma postagem no X.
A operação foi a mais recente de uma série de ataques no mar do Caribe, iniciados semanas antes, e segue a política agressiva do governo de Washington contra o narcotráfico na região.
O ataque foi confirmado pelo governo dos Estados Unidos, que detalhou que dois “narcoterroristas” estavam a bordo da embarcação no momento da ofensiva. O secretário de Defesa declarou que “não haverá refúgio nem perdão” para membros dos cartéis de drogas que operam na área.
No entanto, o governo não forneceu provas de que a embarcação estava carregando drogas destinadas aos Estados Unidos, como alegado. A operação no Pacífico marca uma escalada nas ações militares dos EUA, que anteriormente se concentravam nas águas do Caribe.
O ataque ocorreu em uma das principais rotas de transporte de cocaína para os EUA, que, embora seja pelo Oceano Pacífico e a fronteira com o México, tem sido alvo de crescente atenção das autoridades americanas. A crise de opioides nos Estados Unidos, alimentada por substâncias como o fentanil, é, em grande parte, vinculada ao tráfico vindo da China, o que levanta dúvidas sobre a eficácia das ofensivas no Caribe e no Pacífico.
Os Estados Unidos realizaram um ataque a uma embarcação em águas internacionais do Pacífico, na costa da América do Sul, após semanas de ofensiva no mar do Caribe. A ação foi realizada na terça-feira (21) e matou duas pessoas, anunciou o secretário de Defesa, Pete Hegseth, em um… pic.twitter.com/rOMLyaIWm1
— Folha de S.Paulo (@folha) October 22, 2025
Especialistas em direito internacional apontam que o ataque poderia ser considerado ilegal, uma vez que os alvos não ofereciam perigo iminente, o que tornaria a ação uma execução extrajudicial. A operação ocorre em um momento de crescente tensão entre os Estados Unidos e a Colômbia.
O governo colombiano de Gustavo Petro, crítico das ações militares dos EUA, tem se oposto à presença militar americana na região. Em uma entrevista polêmica na segunda-feira (20), Petro sugeriu que a solução para a crise seria “tirar” Donald Trump do poder, gerando repercussão negativa dentro do Congresso dos EUA.
O governo de Trump, por sua vez, tem acusado Petro de ser cúmplice no comércio ilícito de drogas e reforçou ameaças de cortar ajuda financeira a Bogotá, além de aumentar as tarifas sobre o país.
Em resposta, Petro chamou Trump de “grosseiro e ignorante” e anunciou a revogação da licença do embaixador colombiano nos Estados Unidos, um gesto diplomático de protesto contra as acusações feitas pelo presidente norte-americano. A retórica acirrada entre os dois governos tem gerado tensões diplomáticas, com ambos os lados acusando o outro de ignorar suas respectivas responsabilidades no combate ao narcotráfico.
A escalada militar dos Estados Unidos na América Latina, especialmente no que diz respeito à Venezuela, também tem gerado controvérsias. O governo de Donald Trump tem intensificado suas ações com o objetivo de derrubar o regime de Nicolás Maduro, acusando-o de liderar uma rede de tráfico de drogas conhecida como “Cartel de los Soles”.
Embora Washington ofereça uma recompensa de US$ 50 milhões pela captura de Maduro, especialistas questionam a existência dessa rede e a legitimidade das acusações. Trump autorizou a CIA a realizar operações secretas dentro da Venezuela, e até ataques diretos estariam sendo considerados.
Maduro, por sua vez, rejeita as acusações e afirma que os Estados Unidos usam a luta contra as drogas como uma desculpa para desestabilizar seu regime. O governo venezuelano acusa os EUA de manipular a narrativa do tráfico de drogas para justificar intervenções militares e políticas na região.