VÍDEO: Figueiredo fala em ‘acordo Caracu’ com STF e expõe racha bolsonarista

Atualizado em 24 de agosto de 2025 às 14:00
Paulo Figueiredo. Foto: Reprodução

O vídeo publicado pelo influenciador bolsonarista Paulo Figueiredo nas últimas semanas expôs as divisões dentro do campo da extrema-direita. Na gravação, o neto do general Figueiredo afirma que Eduardo Bolsonaro estaria “perdendo a cabeça” com o pai porque Jair Bolsonaro estaria disposto a aceitar um “Acordo Caracu”, expressão usada para sugerir que o ex-presidente aceitaria condições desvantajosas em negociações com o Supremo Tribunal Federal (STF).

A fala repercutiu entre apoiadores do bolsonarismo nas redes sociais, gerando troca de acusações e ironias. O influenciador chama atenção para as idas de ministros como Gilmar Mendes para conversar com Bolsonaro, reforçando a ideia de que o ex-presidente poderia ceder facilmente a um acordo com a Corte. “É a certeza de que o presidente aceitaria um Acordo Caracu”, disse Figueiredo no vídeo, que circulou em páginas bolsonaristas no X (antigo Twitter).

Internautas críticos ao grupo ironizaram a situação, apontando que os próprios aliados de Bolsonaro agora se atacam publicamente e tentam transferir responsabilidades entre si. “Estão totalmente perdidos. Agora o culpado é Bolsonaro?”, escreveu o perfil Carlão Reaça, reproduzindo o clima de disputa interna.

Paulo Figueiredo, neto do último presidente da ditadura militar, é um dos alvos de investigações no STF por propagação de desinformação e incentivo a atos golpistas. Ele foi citado em decreto do presidente americano Donald Trump, que justificou o tarifaço contra o Brasil mencionando a suposta perseguição de Alexandre de Moraes a influenciadores da extrema-direita. Foragido da Justiça brasileira, Figueiredo vive nos Estados Unidos e segue atuando como voz influente no bolsonarismo digital.

O episódio escancara a crise no núcleo do movimento, que enfrenta ao mesmo tempo os efeitos do tarifaço americano, os processos contra Jair e Eduardo Bolsonaro e o desgaste político com a revelação de áudios e mensagens nos inquéritos do STF. A base radical, antes unida contra adversários, agora se divide em críticas ao ex-presidente, a seus filhos e a líderes religiosos como Silas Malafaia, também indiciado pela Polícia Federal.

A disputa pública entre aliados mostra como a narrativa de unidade construída nos últimos anos perdeu força. Entre ataques, ironias e tentativas de fuga de responsabilidade, o bolsonarismo vive uma fase de fragmentação interna, marcada pela busca de culpados e pela perda de consenso sobre como reagir à pressão judicial e política que se intensifica.