VÍDEO – Flávio Bolsonaro ataca Gonet e admite que pai tentou golpe

Atualizado em 12 de novembro de 2025 às 15:55
O senador Flávio Bolsonaro e o procurador-geral da República, Paulo Gonet, em sabatina. Foto: Geraldo Magela/Agência Senado

O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) atacou o procurador-geral da República, Paulo Gonet, e admitiu que o pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro, tentou dar um golpe de Estado durante a sabatina na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado nesta quarta (12).

“O senhor não só fala fora dos altos, como o senhor atropela o Congresso Nacional, quando declara já de antemão, sem nem saber o que está no projeto de anistia, que a anistia é inconstitucional. Eu vou lembrar ao senhor que lá em 1988, os constituintes elencaram inicialmente 5 crimes que eram insuscetíveis de anistia: terrorismo, tráfico de drogas, tortura e crimes hediondos. E tinha um quinto lá chamado, não sei se o senhor conhece, crime contra o Estado Democrático e Direito”, disse Flávio.

O parlamentar afirmou que Gonet agiu em “conluio” com o Supremo Tribunal Federal (STF) e questionou se ele “não tem vergonha” por colaborar com o que chamou de perseguição política.

“O senhor não tem vergonha? Esse conluio, esse jogo combinado, essa farsa. E o senhor colaborando com a perseguição de pessoas inocentes. O senhor não se sente mal de fazer isso, não? Tudo isso que o senhor está fazendo em conluio com o Supremo é nulo em um Estado democrático de direito”, disse Flávio em tom exaltado.

A declaração elevou a tensão na CCJ, que analisa a recondução de Gonet ao cargo de PGR por mais dois anos. O procurador foi indicado para continuar à frente da Procuradoria-Geral da República (PGR) e precisa ainda da aprovação do plenário do Senado, que deve votar o nome no mesmo dia.

A sabatina foi marcada por embates entre aliados do governo e parlamentares ligados ao bolsonarismo, que questionaram a atuação do Ministério Público em processos ligados aos atos golpistas de 8 de Janeiro.

Flávio também criticou o posicionamento de Gonet sobre o projeto de anistia aos investigados por participação nos ataques às sedes dos Três Poderes. “O senhor atropela o Congresso quando diz que um texto de anistia é inconstitucional”, afirmou.

“O senhor irá tirar uma prerrogativa do Congresso Nacional para fazer o processo de impeachment contra ministro do Supremo Tribunal Federal. Porque o que se sabe é que o senhor irá opinar para dizer que só o PGR pode oferecer o impeachment de ministro”, completou.

Em resposta, Gonet manteve o tom técnico e afirmou respeitar as prerrogativas do Legislativo. “Essa é uma decisão que cabe ao Congresso Nacional tomar. Não tenho dúvida da competência do Congresso Nacional para se manifestar a respeito de anistia, mas entendo que há polêmica em torno disso do ponto de vista jurídico”, declarou o procurador.

O embate expôs novamente o clima de hostilidade entre o bolsonarismo e instituições como o STF e a PGR. Desde o início das investigações sobre os atos antidemocráticos, aliados de Jair Bolsonaro têm acusado o Judiciário e o Ministério Público de perseguição política e abuso de poder. A PGR, sob comando de Gonet, apresentou denúncias contra mais de 1.400 envolvidos.

Apesar dos ataques, a expectativa no Senado é de que Gonet seja reconduzido ao cargo com apoio majoritário, inclusive de parlamentares de centro. A avaliação é que o procurador tem mantido uma postura técnica e equilibrada em relação a temas sensíveis, o que tem garantido o respaldo da cúpula do Congresso e do Supremo Tribunal Federal.

Caique Lima
Caique Lima, 27. Jornalista do DCM desde 2019 e amante de futebol.