Em entrevista ao jornalista Luís Nassif, o ex-governador do Rio de Janeiro Anthony Garotinho afirmou que o governador Cláudio Castro (PL) e o presidente da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), Rodrigo Bacellar, receberam propina em ouro de uma empresa com contratos com o governo estadual.
Segundo ele, “sem ter como dar destino à propina, ambos repassaram o ouro ao joalheiro TH Joias, que colocou o material nas peças que vende a traficantes e celebridades”.
Garotinho relatou que TH Joias, ex-deputado estadual, está preso acusado de integrar uma quadrilha que atuava com o Comando Vermelho, repassando informações, vendendo fuzis e lavando dinheiro.
O joalheiro foi eleito deputado com 15 mil votos mesmo tendo uma condenação de quase 15 anos por tráfico de drogas. Ele assumiu o mandato com um habeas corpus após a morte de um deputado, quando Cláudio Castro deslocou Rafael Picciani para uma secretaria de governo.
De acordo com adversários, a manobra teria sido feita com o aval do presidente da Alerj para garantir que o traficante condenado assumisse o posto.
Já na Assembleia, TH Joias colocou comparsas em seu gabinete, hoje também presos, acusados de facilitar a vida de Gabriel Dias de Oliveira, o “Índio do Lixão”, integrante do Comando Vermelho que atuava como “tesoureiro” nos complexos da Maré e da Penha, na zona norte do Rio. Ao apreender os celulares do grupo, a polícia encontrou imagens sugerindo que TH e o traficante mantinham um relacionamento amoroso.
Garotinho disse ainda que TH Joias pretende fazer delação premiada por ter sido “deixado para trás” pelos antigos aliados. O ex-governador relatou que o ex-deputado acreditava que a Alerj anularia sua prisão, mas o governador Cláudio Castro exonerou Rafael Picciani da Secretaria do Esporte, e com o retorno dele ao mandato, TH Joias perdeu o cargo de deputado. Segundo Garotinho, “a semana que vem será marcada por uma bomba na política do Rio de Janeiro”.
Além de TH Joias, a Operação Zargun da Polícia Federal também atingiu o assessor Luiz Eduardo Cunha Gonçalves, o Dudu, o delegado federal Gustavo Steel e o advogado Alessandro Pitombeira Carracena. Carracena já ocupou cargos na Prefeitura do Rio, no governo de Marcelo Crivella, e também no governo de Cláudio Castro, onde foi secretário estadual de Esporte e Lazer e subsecretário de Defesa do Consumidor. Ele atuava em parceria com Gutemberg Fonseca, de quem era subordinado na Secretaria de Defesa do Consumidor.
De acordo com a Polícia Federal, Gutemberg recebeu o traficante “Índio do Lixão” em audiência em busca de “apoio político”. O criminoso pretendia se candidatar a vereador em Duque de Caxias. Conversas apreendidas mostraram o advogado Carracena dizendo: “Já falei com eles, falei que você é firme e é importante pra ele ter ao lado”.
Em outra mensagem, o traficante reclamou: “Não vou mais incomodar ele não, doutor, não posso ficar forçando ele me ajudar se no coração dele não quer me ajudar”. Gutemberg Fonseca foi indicado pelo senador Flávio Bolsonaro para cargos na Prefeitura do Rio e no governo estadual. Antes de assumir funções públicas, Carracena atuou como advogado de milicianos.
URGENTE: o ex-governador Anthony Garotinho acusou o Cláudio Castro de RECEBER PROPINA EM OURO e enviar para o TH Joias, deputado que fornecia armas pro CV, fazer joias. pic.twitter.com/9lIOra3iKh
— Vinicios Betiol (@vinicios_betiol) November 8, 2025