
Dois guardas municipais de Cotia, na Grande São Paulo, foram presos em flagrante no domingo (29) após imagens de câmeras de segurança desmentirem a versão apresentada por eles sobre a morte de um jovem de 17 anos. Inicialmente, os agentes alegaram que houve troca de tiros durante uma perseguição a suspeitos de roubo, mas as gravações mostram que o adolescente estava desarmado e com as mãos para cima quando foi baleado.
Os guardas José Osmar Ferreira da Silva, 51 anos, e Sérgio Ricardo Barbosa Pimenta da Silva, 43, disseram em depoimento que abordaram dois homens suspeitos de roubar um carro no km 19 da Rodovia Raposo Tavares. Segundo eles, os criminosos bateram o veículo, desceram atirando e, só então, os agentes revidaram, atingindo um dos suspeitos, que morreu no local.
No entanto, as imagens analisadas pela Polícia Civil mostram uma versão completamente diferente.
As câmeras de segurança registraram o momento em que os guardas perseguiam os suspeitos em uma viatura. Um dos jovens, identificado como o adolescente de 17 anos, foi cercado e, mesmo com as mãos levantadas, foi atingido por dois tiros no tórax.
Ele não portava nenhuma arma e não recebeu socorro imediato. As imagens mostram ainda que a viatura seguiu em frente após o disparo, deixando o corpo no local.
GCMs de Cotia são presos após câmera flagrar execução de criminoso pic.twitter.com/7SrZ0xuYQ6
— Cotia e Cia (@CotiaeCia) July 1, 2025
O caso ganhou repercussão após a equipe do Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP) ser acionada para investigar a ocorrência. Ao analisar as gravações, os investigadores constataram que não houve confronto, como alegado inicialmente pelos agentes.
Em um segundo depoimento, os guardas mudaram parte do relato, afirmando que José Osmar fez apenas um disparo e que o adolescente teria “virado o tronco de forma brusca” em direção à viatura.
Afastamento e prisão preventiva
Além dos dois guardas presos, outros dois agentes que participaram da ação foram afastados das funções e tiveram as armas apreendidas para perícia. A prisão em flagrante foi convertida em preventiva, e os investigados responderão por homicídio decorrente de intervenção policial.
A Secretaria de Segurança Pública de Cotia informou que está colaborando com as investigações e que os agentes envolvidos serão punidos conforme a lei.
O adolescente morto não tinha passagem pela polícia e, segundo familiares, não estava envolvido em crimes. A defesa dos guardas ainda não se manifestou publicamente. O DHPP segue apurando se houve tentativa de ocultação de provas, já que o local do crime não foi preservado, como determina o protocolo policial.
O caso deve ser encaminhado ao Ministério Público, que decidirá sobre a denúncia contra os agentes.