VÍDEO: Gilmar defende Moraes, cita ‘arquivos Epstein’ e diz que intervenção dos EUA é “imprópria”

Atualizado em 28 de agosto de 2025 às 7:56
Gilmar Mendes, ministro do STF, durante participação no Lide. Foto: reprodução

O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), saiu em defesa do colega Alexandre de Moraes na última quarta-feira (27), em meio às sanções impostas pelo governo dos Estados Unidos com base na Lei Magnitsky, citando o escândalo sexual no qual o presidente Donald Trump é acusado. Durante participação em evento do grupo empresarial Lide, organizado pelo ex-governador João Doria em Brasília, Gilmar afirmou que a história fará justiça a Moraes e criticou as tentativas de interferência estrangeira na Justiça brasileira.

“Apoio o ministro Alexandre de maneira inquestionável. O Brasil deve muito a ele e sou plenamente solidário. Se nós estamos aqui hoje em um ambiente democrático, devemos muito ao ministro Alexandre, e eu sei que a história vai lhe fazer justiça”, declarou o magistrado.

As críticas de Gilmar se dirigiram às pressões da gestão de Donald Trump, que em julho anunciou sobretaxas de 50% a produtos brasileiros como reação ao julgamento de Jair Bolsonaro (PL), réu no STF por tentativa de golpe de Estado. Trump classificou o processo como uma “caça às bruxas” e disse que Bolsonaro é vítima de perseguição da Justiça brasileira.

Além do tarifaço, o governo estadunidense aplicou sanções a Moraes, proibindo sua entrada no país e qualquer relação econômica com empresas sediadas nos EUA, incluindo bandeiras de cartão de crédito.

“É evidente que negociações comerciais podem se fazer e se fazem a toda hora. Agora, tentar envolver o papel institucional do país e a independência do judiciário seria impróprio, assim como seria se nós, por exemplo, exigíssemos nas negociações que fossem reveladas as pessoas que estão no chamado Epstein Files. Não faz sentido algum”, argumentou Mendes.

Em entrevista a jornalistas, o ministro reforçou que apoia Moraes inclusive diante da decisão de reforçar o policiamento ao redor da casa de Jair Bolsonaro.

“Eu não conheço em detalhes, eu não sou nem dessa turma, mas eu apoio o ministro Alexandre de maneira inquestionável. Eu acho que o Brasil deve muito ao ministro Alexandre. Se nós estamos aqui hoje num ambiente democrático, devemos muito ao ministro Alexandre de Moraes. E eu sei que a história vai fazer justiça a ele”.

A proximidade do julgamento de Bolsonaro aumenta o temor de novas sanções dos Estados Unidos ao governo brasileiro. O país contratou um escritório de advocacia em Washington para tentar reverter tanto o tarifaço quanto a aplicação da Lei Magnitsky a Moraes. As ações visam suspender restrições econômicas e políticas impostas após o endurecimento do processo contra o ex-presidente.

Gilmar também comentou o avanço de propostas no Congresso que visam limitar os poderes do STF, como mudanças no foro privilegiado e a exigência de autorização legislativa para abertura de processos contra parlamentares. O ministro avaliou que o Brasil já teve episódios “lamentáveis de uso e abuso do foro privilegiado em todas as instâncias” e defendeu cautela.

“É necessário juízo ao propor mudanças nesses tópicos”, afirmou, acrescentando que eventuais questionamentos constitucionais só poderão ser feitos após o trâmite legislativo.

Augusto de Sousa
Augusto de Sousa, 31 anos. É formado em jornalismo e atua como repórter do DCM desde de 2023. Andreense, apaixonado por futebol, frequentador assíduo de estádios e tem sempre um trocadilho de qualidade duvidosa na ponta da língua.