VÍDEO: Governo Lula detona chacina de Castro e cobra “menos sangue” das polícias

Atualizado em 30 de outubro de 2025 às 8:55
Lula, presidente do Brasil. Foto: reprodução

O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva divulgou, na noite de quarta-feira (29), um vídeo em que critica a operação policial comandada pelo governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), que deixou mais de 120 mortos na última terça (28). A ação, considerada a mais letal da história do país, foi alvo de questionamentos do Palácio do Planalto, que defendeu uma nova abordagem no enfrentamento às facções criminosas.

Na peça oficial, o governo afirma que o crime organizado “destrói famílias, oprime moradores e espalha drogas e violências nas cidades”, reconhecendo o medo da população diante da criminalidade. No entanto, o vídeo contesta o resultado da megaoperação no Rio.

“Matar 120 pessoas não adianta nada no combate ao crime. Mesmo se forem todos bandidos, amanhã tem outros 120 fazendo o trabalho. Pra combater o crime é preciso mirar na cabeça, mas não de pessoas. Tem que atacar o cérebro e o coração dos grupos criminosos, como o governo do Brasil fez em agosto, desmontando um esquema que ia da venda de drogas ao maior centro financeiro do país”, diz a narradora.

A fala faz referência à Operação Carbono Oculto, deflagrada pela Polícia Federal em agosto, que desarticulou um esquema de lavagem de dinheiro ligado ao Primeiro Comando da Capital (PCC) em empresas da região da Faria Lima, em São Paulo.

Segundo o governo, esse tipo de ação, com foco financeiro e investigativo, representa uma estratégia mais eficaz no combate às organizações criminosas.

Pouco antes da divulgação do vídeo, o ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, anunciou a criação de um escritório emergencial no Rio de Janeiro, em parceria com o governo estadual, para fortalecer a integração entre forças federais e estaduais no enfrentamento ao crime organizado. A medida ocorre em meio à repercussão internacional da operação policial que deixou ao menos 121 mortos, incluindo quatro policiais.

Na mesma noite, Lula se manifestou publicamente pela primeira vez sobre o caso. Em uma postagem nas redes sociais, o presidente defendeu a necessidade de um trabalho coordenado entre os diferentes órgãos de segurança.

“Não podemos aceitar que o crime organizado continue destruindo famílias, oprimindo moradores e espalhando drogas e violência pelas cidades. Precisamos de um trabalho coordenado que atinja a espinha dorsal do tráfico sem colocar policiais, crianças e famílias inocentes em risco”, afirmou.

Lula destacou que esse modelo de ação coordenada foi o mesmo adotado na Operação Carbono Oculto, considerada por ele “a maior operação contra o crime organizado da história do país”: “As ações tiveram o sucesso esperado ao chegar ao coração financeiro de uma grande quadrilha envolvida em venda de drogas, adulteração de combustível e lavagem de dinheiro”.

O presidente também aproveitou para defender a aprovação da PEC da Segurança Pública, que tramita no Congresso Nacional e tem como objetivo integrar o trabalho das diferentes forças policiais do país. “Vamos garantir que as diferentes forças policiais atuem de maneira conjunta no enfrentamento às facções criminosas”, disse.

Com o vídeo e as declarações, o governo federal busca se diferenciar da política de segurança do estado do Rio, marcada pelo uso intensivo da força. No entorno do Planalto, a avaliação é de que a estratégia de Cláudio Castro tem alto custo humanitário e baixo impacto estrutural sobre o crime.

Enquanto isso, o Ministério da Justiça prepara novas ações de cooperação com o governo fluminense. O escritório emergencial deve começar a funcionar nos próximos dias e terá atuação conjunta de técnicos federais e estaduais em áreas consideradas críticas.

Augusto de Sousa
Augusto de Sousa, 31 anos. É formado em jornalismo e atua como repórter do DCM desde de 2023. Andreense, apaixonado por futebol, frequentador assíduo de estádios e tem sempre um trocadilho de qualidade duvidosa na ponta da língua.