
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, criticou as reações contra o aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), afirmando que apenas “1%” da população se mobilizou na internet contra a medida, que foi posteriormente derrubada pelo Congresso Nacional. Em entrevista ao Metrópoles nesta terça-feira (8), Haddad defendeu a proposta do governo e rebateu as críticas, classificando o debate como desproporcional.
“Não é razoável que 1% da população faça esse inferno na internet dizendo que estamos colocando o ‘nós contra eles’. Nós quem? 99% contra 1%. E contra por quê? Se eles não pagam o que nós pagamos? Se eles pagassem o que nós pagamos, 99%, estava de boa. Mas esse 1% não quer pagar nem o que os 99% pagam”, afirmou o ministro.
Haddad justificou o aumento do IOF como uma forma de corrigir distorções tributárias, argumentando que as mudanças não afetariam “quem já paga”.
Ele citou exemplos de brechas que permitiam a sonegação, como operações de câmbio e uso de VGBL para postergar o pagamento de Imposto de Renda. “A pessoa que paga no cartão de crédito, paga IOF. Sempre pagou. E inventaram uma forma de driblar o IOF câmbio. A gente fechou. Não pode isso aqui. Todo mundo tem que pagar igual”, declarou.
Veja o trecho da entrevista:
O ministro também minimizou o embate entre o governo e o Congresso, que derrubou o decreto presidencial que aumentava o IOF. Comparando a situação a um “Fla-Flu”, Haddad afirmou que o impasse “não interessa a ninguém” e defendeu a constitucionalidade da medida.
“Por dever de ofício, eu tenho que defender o ato do presidente da República. Não existe nenhum vício de constitucionalidade na decisão tomada pelo presidente da República, zero”, disse.
Ele também acusou a oposição de ser “antinacional” e prejudicar os interesses do país, alegando que as ações contrárias ao governo estariam deixando as Forças Armadas “sem recursos”. Apesar das críticas, Haddad negou atritos com o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), e afirmou que o Ministério da Fazenda continuará negociando com o Congresso.
Na última semana, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), suspendeu tanto o decreto do Executivo quanto a decisão do Congresso que o derrubou. Em sua decisão, Moraes destacou a necessidade de analisar os argumentos de ambas as partes e convocou uma audiência de conciliação para o dia 15 de julho.
A medida cautelar do STF deixa o imposto temporariamente sem alteração até que haja uma definição judicial. O governo Lula terá que apresentar justificativas para manter o aumento, enquanto o Congresso também deverá defender sua posição.