
O general Augusto Heleno, ex-ministro-chefe do GSI (Gabinete de Segurança Institucional), conseguiu se complicar mesmo usando o direito de não responder às perguntas de Alexandre de Moraes, que conduz os interrogatórios da trama golpista no Supremo Tribunal Federal (STF). O militar decidiu responder somente às questões feitas pelo seu advogado, Matheus Milanez.
O defensor citou uma fala de seu cliente sobre “virar a mesa antes das eleições”, feita durante reunião ministerial em julho de 2022, e perguntou se a declaração significava a defesa de “qualquer atitude ilegal”. A ideia era garantir que o general se isentasse da frase golpista, mas ele disse que não teve “oportunidade”.
“Realmente, não havia oportunidade, o presidente, com a declaração dele, cortou essa possibilidade”, respondeu Heleno. Prevendo uma possível complicação com a declaração do cliente, Milanez refez a pergunta e pediu para ele limitar as respostas a somente “sim” ou “não”.
“General, vamos lá, só para deixar claro: o senhor, com a sua fala, quis dar a entender para ser realizada alguma ação ilegal?”, questionou novamente. Em resposta, o militar afirmou: “Não, lógico que não”.
Augusto Heleno tinha uma missão: seguir o roteiro combinado com o advogado. No entanto, o espírito golpista sempre se impõe e, ao ser perguntado se teria cogitado algo ilegal, diz que "não havia oportunidade".
Só dá pra gente inferir que, se tivesse oportunidade, teria feito. pic.twitter.com/sBWgAc5nok
— William De Lucca (@delucca) June 10, 2025
Heleno é apontado como um dos membros do “núcleo central” da trama golpista. Ele prestou depoimento ao Supremo nesta terça (10), sendo o quinto na lista de réus interrogados pelo ministro.
Antes, já haviam sido ouvidos o tenente-coronel Mauro Cid, o ex-diretor da Abin Alexandre Ramagem, o ex-comandante da Marinha Almir Garnier e o ex-ministro da Justiça Anderson Torres.
O ex-presidente Jair Bolsonaro será o próximo depoente. Celso Vilardi, seu advogado, afirmou ontem que ele não ficará em silêncio durante a oitiva e a previsão é que ele fale por “horas” e apresente vídeos durante a oitiva.