
O apresentador Luciano Huck aparece em um vídeo, divulgado nas redes sociais, mandando indígenas esconderem celulares e roupas “comuns” durante uma gravação nos bastidores do Domingão, realizada no Parque Indígena do Xingu.
Nas imagens, Huck pede para que os membros da aldeia se afastem de aparelhos eletrônicos e de vestimentas que, segundo ele, não se alinham com a cultura indígena. “Limpa a cultura de vocês aí”, diz o apresentador, acompanhado pela cantora Anitta, nos bastidores do evento.
O jornalista ainda afirmou que “quanto mais celulares aparecem, menos é a cultura de vocês”, e ordenou os indígenas a não mostrar os aparelhos durante a gravação para preservar a “cultura originária”.
Em um dos momentos, Huck sugere a um dos líderes locais: “Quando tiver gravando, se puder ‘segurar’ o celular… Se puder falar isso para o povo é bom”. A declaração gerou críticas nas redes sociais, com alguns acusando Huck de tentar impor limites culturais aos povos indígenas.
Luciano Huck pedindo p/ q os indígenas não usem celular e q quem estivesse vestido se retirasse. Tinha um fotógrafo muito famoso q fazia algo parecido. Uma vez, no sertão, a assistente dele pediu p/ fotografar mulheres sertanejas,mas tinha q ser só com roupas velhas e empoeiradas pic.twitter.com/5PkYiDi6u7
— Flávio Costa (@flaviocostaf) December 4, 2025
Em nota oficial, Huck tentou minimizar a situação, explicando que o pedido foi apenas uma “decisão de direção de arte”, uma adaptação pontual no contexto da filmagem.
“Sobre a imagem em questão, registrada nos bastidores de uma gravação, é importante esclarecer: não se tratou de impor qualquer tipo de limitação cultural ou de consumo. Foi apenas uma decisão de direção de arte, um ajuste pontual dentro do contexto de um set de filmagem, nada além disso”, afirmou Huck, em comunicado enviado ao UOL.
O apresentador também aproveitou para relembrar seu compromisso com as comunidades indígenas. “Minha relação com as comunidades indígenas no Brasil atravessa décadas. Sou, e sempre serei, defensor dos povos originários, de sua cultura, de sua territorialidade e de sua preservação”, afirmou Huck.
Ele enfatizou ainda que sua vivência com povos como os Zo’é e Yanomami é profunda e que sempre ‘defendeu a autonomia das comunidades indígenas’ para decidir sobre suas tradições e modos de vida.
A viagem de Huck e Anitta ao Xingu também incluiu uma participação na cerimônia indígena Kuarup, um ritual fúnebre tradicional do Alto Xingu que homenageia entes queridos falecidos.
A dupla visitou a aldeia Ipatse, do povo Kuikuro, em Querência (MT), e a aldeia Piaraçu, na Terra Indígena Capoto-Jarina, onde se encontrou com o cacique Raoni, líder indígena de 92 anos. Durante o encontro, Raoni falou sobre os direitos indígenas e autografou um livro sobre sua história para Huck.