VÍDEO – Ingratidão: Eduardo Cunha é chamado de “ladrão” e “traidor” por bolsonaristas

Atualizado em 26 de junho de 2025 às 16:40
Eduardo Cunha sendo xingado por bolsonaristas. Foto: reprodução

O ex-deputado federal Eduardo Cunha foi recebido com vaias e gritos de “ladrão” e “traidor” por apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) ao desembarcar no Aeroporto Internacional de Belo Horizonte nesta quinta-feira (26). Apesar de terem chegado em intervalo de minutos, não há confirmação de agenda conjunta entre Cunha e Bolsonaro, que participa de encontro do PL na região da Pampulha.

Cunha, figura central no impeachment de Dilma Rousseff em 2016 e um dos principais alvos da Lava Jato, tenta viabilizar sua candidatura por Minas Gerais em 2026 após fracassar na disputa por São Paulo em 2022, quando obteve apenas 5 mil votos pelo PTB. Entre as possíveis legendas para sua nova empreitada política está justamente o PL de Bolsonaro.

Presidente da Câmara dos Deputados entre 2015 e 2016, Cunha teve o mandato cassado por quebra de decoro parlamentar após ser acusado de mentir à CPI da Petrobras sobre contas no exterior. Ficou preso de outubro de 2016 a abril de 2021 por condenações na Lava Jato, mas teve três sentenças anuladas pelo STF entre 2021 e 2023, incluindo uma do então juiz Sergio Moro.

Em seu último pedido de candidatura, declarou patrimônio de R$ 14,1 milhões, 420% superior ao de oito anos antes, com 90% proveniente de valores repatriados da Suíça para pagamento de reparações judiciais.

Enquanto tenta retomar a carreira política, sua filha, Danielle Cunha, foi eleita deputada federal pelo União Brasil-RJ em 2022 com 75,8 mil votos.

Alinhamento de Bolsonaro e Cunha

A relação de Cunha e Bolsonaro é marcada pela atuação em frentes semelhantes no Congresso, especialmente no campo conservador e evangélico. Enquanto o ex-deputado foi o principal articulador do golpe contra a Dilma, Bolsonaro se aproveitou do momento despontando como o rosto da extrema-direita naquele período.

Em 2022, Cunha declarou apoio à reeleição de Bolsonaro, afirmando que, se estivesse em condições de disputar, representaria a mesma luta contra o PT. Essa manifestação pública de apoio refletia uma tentativa de reabilitação política por parte de Cunha e de fortalecimento simbólico do campo bolsonarista.

Nos bastidores, a conexão foi mais direta. Em maio de 2025, Eduardo Cunha recorreu ao tenente-coronel Mauro Cid para que intercedesse junto a Bolsonaro com o objetivo de evitar que a Advocacia-Geral da União recorresse da decisão judicial que o autorizava a disputar eleições.

Eduardo Cunha, Jair Bolsonaro, Kim Kataguiri e outros políticos durante articulação para golpe contra a Dilma em 2016. Foto: reprodução