
Foto: Tomás Levy
O Sebo Casa do Livro, localizado na Rua Teodoro Sampaio, zona oeste de São Paulo, tem em seu catálogo um disco de vinil intitulado “Inferno de Hitler”, com canções e marchas da Alemanha Nazista.
“Palavras… músicas… emoção… o trágico testamento do reinado nazista”, diz o subtítulo do LP, cuja capa mostra um comício de Adolf Hitler, com suásticas ao fundo. O volume, fabricado pela empresa Audio Rarities, é vendido a R$ 100 e tem a narração do jornalista Luiz Lopes Corrêa.
A contracapa exibe um grande Reichsadler (“Águia Imperial”), emblema oficial do regime nazista, composto por uma águia segurando uma suástica dentro de um círculo. Abaixo da imagem, há um título indicando que o disco contém “marchas e canções da Alemanha Nazista” e a referência ao período “1932-1945”.
O repórter Tomás Levy estava na loja à procura de discos raros quando se surpreendeu com o exemplar exposto em uma prateleira. O vinil, embalado em plástico e em bom estado de conservação, estava entre outros títulos de música brasileira e norte-americana.
“Estou aqui no sebo, quando me deparo com esse absurdo aqui”, diz Tomás, ao apresentar o disco nazista. “Como que um LP desse circula pelas ruas e lojas do nosso mundo atual? Bizarro”. Veja:
A Rua Teodoro Sampaio, que atravessa os bairros de Pinheiros e Cerqueira César, é um dos principais centros de comércio de instrumentos musicais em São Paulo, reunindo dezenas de lojas especializadas que atendem desde iniciantes até músicos profissionais.
A comercialização de materiais que fazem apologia ao nazismo é proibida no Brasil, de acordo com a Lei 7.716/1989, que criminaliza a fabricação, distribuição e veiculação de símbolos ou propagandas desse tipo.
Contudo, brechas na legislação frequentemente são exploradas para a venda de itens históricos sob a justificativa de valor documental. Sebos e lojas de antiguidades costumam alegar que não compactuam com ideologias extremistas, apenas disponibilizam artefatos do passado.