Há certas palavras mágicas que, vítimas do uso abusivo por parte de picaretas, ficam irremediavelmente amaldiçoadas.
Uma delas é “sustentabilidade”. Outra é “desigualdade”.
Esta última tem sido usada à farta pelo apresentador da Globo, milionário e presidenciável Luciano Huck.
Em Davos, no começo do ano, ele cravou numa palestra que “crescimento econômico sem redução da desigualdade é como amor sem beijo, Batman sem Robin, Bonnie sem Clyde”.
Supostamente, isso é engraçado.
Declarou que é urgente encontrar maneiras de redistribuir a riqueza. “Creio que esse deveria ser o mantra para todos nós na América Latina”, afirmou.
Num evento que reuniu nomes de adversários de Bolsonaro em 2022, citou o “o abismo social no Brasil”.
“Não vamos resolver desigualdade com um monte de gente branca e rica sentada na Faria Lima”, discursou.
“Eu tinha dois caminhos: um era continuar a ser um peixinho dourado no aquário, protegido pelos muros do Projac, sendo alimentado com bastante fartura, fazendo o que eu faço tranquilo —e gosto— ou me jogar no oceano e tentar contribuir de alguma forma para que o Brasil seja um país melhor no futuro”.
O peixinho dourado evita o assunto da taxação das grandes fortunas, mas não deixa de nadar na grana e representar o que denuncia.
O Extra mostra, hoje, a família do candidato em Angra dos Reis a bordo de seu iate, um brinquedo avaliado em R$ 30 milhões.
Huck estava com os filhos e amigos.
O barco foi construído em 2017, tem quatro suítes e 120 pés (quase 40 metros de comprimento), toboágua, uma lancha suporte, quatro andares, duas cozinhas e academia de ginástica.
O interior é assinado por estilistas italianos como Paola Lenti, “uma das designers de mobiliário mais premiadas do mundo”, de acordo com o jornal.
Fãs pobres de Luciano fizeram um vídeo saudando o sujeito, que abana magnanimamente a mãozinha para os mortais.
Todas as pessoas são desiguais, mas algumas mais desiguais do que outras.
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Luciano Huck e família são filmados em iate de R$ 30 milhões @lucianohuck