
A deputada federal e ex-prefeita de Fortaleza Luizianne Lins (PT-CE) falou publicamente pela primeira vez sobre a detenção que sofreu em Israel após a interceptação da flotilha humanitária Global Sumud, que levava alimentos, fórmulas infantis e medicamentos à Faixa de Gaza.
Em vídeo gravado na Jordânia, onde o grupo foi recebido pela Embaixada do Brasil após a libertação, Luizianne classificou o episódio como um “sequestro” e descreveu os dias de encarceramento como marcados por “muita truculência”.
“Ficamos sem comunicação após a interceptação na quarta-feira à noite e passamos seis dias no presídio de segurança máxima. Foram muitas orações, muita truculência, foi uma situação muito difícil”, afirmou.
A deputada explicou que a flotilha navegava em águas internacionais quando foi interceptada. “Nós fomos, na verdade, sequestrados pelo Exército israelense, porque não estávamos em águas israelenses. Estávamos chegando a Gaza quando eles tomaram o controle dos barcos e nos levaram ao porto de Ashdod. De lá, fomos considerados presos”, relatou.
Durante o período de detenção, o grupo foi mantido em Ketziot, uma prisão de segurança máxima localizada no deserto do Neguev. Luizianne afirmou que as condições eram duras, com restrição de comunicação e pouca informação sobre o processo de libertação.
Deputada Luizianne Lins fala pela primeira vez após deixar Israel pic.twitter.com/mytdASh5Cp
— 0123 (@GuilhermeA52629) October 7, 2025
Apesar disso, disse ter encontrado força na solidariedade entre os ativistas e no apoio recebido do Brasil. Ao comentar o contexto mais amplo do conflito, a parlamentar destacou que sua experiência “não se compara ao sofrimento do povo palestino”.
Segundo ela, mais de 10 mil palestinos estão presos em Israel, entre eles 400 crianças. “A situação que Gaza vive hoje é de genocídio, e nós sentimos na pele o que o exército israelense é capaz de fazer”, disse.
Luizianne reforçou o caráter pacífico e humanitário da missão. “Até o último momento insistimos em cumprir nossa missão, que era levar ajuda humanitária ao povo palestino. Infelizmente fomos interceptados, mas isso não vai parar o movimento. As vidas palestinas importam”, declarou.
A deputada também agradeceu ao governo brasileiro pelo apoio durante as negociações para a libertação do grupo. “Agradeço à Embaixada do Brasil em Amã, ao embaixador Márcio Fagundes do Nascimento e a toda a equipe consular, que nos acolheram com muito cuidado e respeito”, afirmou.
De acordo com o Itamaraty, a libertação dos 13 brasileiros detidos foi resultado de articulação diplomática conduzida pelas embaixadas do Brasil em Tel Aviv e Amã, com o apoio de autoridades locais.
Após cruzarem a fronteira com a Jordânia, os ativistas foram submetidos a avaliação médica e alojados com segurança na capital. Luizianne retorna ao Brasil nesta quinta-feira (9), desembarcando em Guarulhos (SP).