
Durante participação no 60º Congresso da União Nacional dos Estudantes (UNE), em Goiânia, o presidente Lula criticou com veemência o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, em meio ao embate diplomático envolvendo tarifas comerciais. Ele afirmou que vai cobrar impostos das gigantes da tecnologia norte-americanas, as chamadas big techs, e reclamou da falta de resposta oficial do governo norte-americano sobre a proposta brasileira de negociação.
“Não é um gringo que vai dar ordem a esse presidente da República. Não é. Eu sei a quem eu devo respeitar nesse país, eu sei quem é que manda nesse país, eu sei quem faz esse país ser o que é: o nome dessa pessoa só tem quatro letras, chama-se povo brasileiro”, afirmou ele.
Segundo o presidente, o governo americano não deu qualquer retorno formal às tentativas brasileiras de dialogar sobre as tarifas impostas recentemente. Ele criticou a postura de Trump, que justificou o tarifaço com base na proximidade entre Brasil e Bolsonaro, e ironizou: “Eu tenho certeza de que o presidente americano jamais negociou 10% do que eu negociei na minha vida”.
📣🇧🇷 'Não é um gringo que vai mandar em mim', diz Lula sobre pressão dos EUA
Durante o 60º Congresso da União Nacional dos Estudantes (Conune), realizado em Goiânia, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (@LulaOficial) afirmou que não aceitará ordens de estrangeiros. A fala… pic.twitter.com/NcLB3a51I9
— Sputnik Brasil (@sputnik_brasil) July 17, 2025
A retaliação brasileira às medidas dos EUA inclui uma carta oficial do Itamaraty e uma articulação para impor taxas sobre serviços de empresas como Google e Meta. Enquanto Lula sobe o tom, outra ala do governo, liderada pelo vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB), tem optado por uma estratégia de diálogo com o setor empresarial.
Reuniões com representantes da indústria, agro e multinacionais norte-americanas não mencionaram aumento de taxação. Empresários pedem solução diplomática. Ainda assim, ministros como Camilo Santana (Educação), Luciana Santos (Ciência e Tecnologia) e Rui Costa (Casa Civil) mantêm o tom crítico ao governo americano.
O evento da UNE também serviu de palanque para pautas alinhadas ao governo. Estudantes gritavam palavras de ordem por soberania, taxar grandes fortunas e reduzir a jornada de trabalho. A presidente da UNE, Manuella Mirella, puxou o tradicional cântico
“Eu sou brasileiro com muito orgulho, com muito amor”, enquanto manifestantes criticavam Trump e clamavam por prisão de Jair Bolsonaro. O ex-presidente foi alvo recente de um pedido de condenação da PGR por cinco crimes.
Em seu discurso, Lula prometeu avançar na regulamentação das big techs e afirmou que não permitirá que plataformas digitais sejam usadas para “mentiras e agressões”. Ele garantiu que as empresas norte-americanas serão tributadas, embora o debate sobre regôncia digital ainda avance lentamente dentro do governo.
A escolha do tema do congresso da UNE, “O Brasil se une pela soberania”, ecoa a narrativa adotada pela Secom (Secretaria de Comunicação) diante das sanções americanas. Bandeiras do Brasil e da UNE foram distribuídas ao público, em uma tentativa de reposicionar a simbologia patriótica, associada ao bolsonarismo, em favor do governo Lula.