VÍDEO – Lula chama operação no Rio de “matança” e defende investigação

Atualizado em 4 de novembro de 2025 às 14:41
O presidente Lula em entrevista a jornalistas de veículos internacionais em Belém (PA), nesta terça (4). Foto: Pablo Porciuncula/AFP

O presidente Lula classificou como “desastrosa” a operação policial que deixou 121 mortos nos complexos do Alemão e da Penha, no Rio de Janeiro, na semana passada. Em entrevista a agências internacionais nesta terça (4), em Belém (PA), o petista afirmou que o governo pretende realizar uma investigação paralela ao inquérito conduzido pelo estado.

“Vamos ver se a gente consegue fazer essa investigação. Porque a decisão do juiz era uma ordem de prisão, não tinha uma ordem de matança, e houve matança”, disse o presidente. Lula declarou que o governo está articulando a participação de peritos da Polícia Federal nas análises das mortes ocorridas durante a operação.

O Supremo Tribunal Federal (STF) também marcou uma audiência para esta quarta (5) sobre o caso. O presidente afirmou que o episódio exige uma apuração detalhada e criticou o número de vítimas. “O dado concreto é que a operação, do ponto de vista da quantidade de mortes, as pessoas podem considerar um sucesso, mas do ponto de vista da ação do Estado, eu acho que ela foi desastrosa”, disse.

A operação, considerada a mais letal da história do Rio, foi conduzida pelo governo de Cláudio Castro (PL) contra a facção Comando Vermelho. O governador, porém, defendeu a ação. No dia seguinte, disse que “a operação foi um sucesso” e que “as únicas vítimas foram os quatro policiais” mortos em confronto.

Três ministros de Lula, Ricardo Lewandowski (Justiça e Segurança Pública), Macaé Evaristo (Direitos Humanos) e Anielle Franco (Igualdade Racial), estiveram no Rio na última semana para discutir o caso com o governo estadual. Castro, por sua vez, viajou a Brasília nesta terça para tratar do tema com autoridades federais.

Esta foi a manifestação mais dura de Lula desde o episódio. Até então, o presidente havia evitado críticas diretas, limitando-se a dizer nas redes sociais que “o crime organizado não pode continuar destruindo famílias e oprimindo moradores”. Ele destacou a necessidade de “um trabalho coordenado que atinja a espinha dorsal do tráfico sem colocar policiais, crianças e famílias inocentes em risco”.

O governo federal também tenta avançar no Congresso com a PEC da Segurança Pública, que fortalece a integração entre forças federais e estaduais no combate às facções. Outra proposta em análise é o chamado Projeto Antifacção, que prevê endurecimento de penas e mais controle sobre o sistema prisional.

O Supremo acompanha o caso de perto. O ministro Alexandre de Moraes determinou que o governo do Rio preserve “todos os elementos materiais” da operação, incluindo laudos e cadeias de custódia, para permitir que o Ministério Público e a Defensoria Pública analisem a legalidade da ação. Moraes é o relator da ADPF das Favelas, que estabelece as regras para operações policiais em comunidades do estado.

Caique Lima
Caique Lima, 27. Jornalista do DCM desde 2019 e amante de futebol.