VÍDEO: Lula critica ‘vira-latismo’ e diz que não vai se “rastejar” aos Estados Unidos

Atualizado em 9 de outubro de 2025 às 22:38
O presidente Lula. Foto: Divulgação

O presidente Lula afirmou nesta quinta-feira (9) que o Brasil não se curvará às pressões dos Estados Unidos, ao comentar as sanções impostas por Donald Trump a produtos e autoridades brasileiras. Durante um evento em Maragogipe (BA), onde anunciou investimentos na indústria naval e em uma fábrica de fertilizantes, ele criticou os que, segundo ele, queriam vê-lo “rastejar” diante do governo norte-americano.

“Quando o presidente Trump resolveu gritar com o Brasil, os vira-latas desse país queriam que eu rastejasse atrás do governo americano. Eu aprendi com uma mãe analfabeta: não abaixe a cabeça nunca. Se o pobre abaixa a cabeça, eles colocam uma cangaia e você nunca mais consegue levantar”, afirmou o presidente, em tom de desafio.

O petista também destacou que o respeito internacional depende da postura interna do país. “Ninguém respeita quem não se respeita. Se vocês quiserem ser respeitados, antes vocês se respeitem”, disse Lula, ao defender uma política externa baseada na soberania nacional e no diálogo equilibrado com as grandes potências.

Durante o discurso, o presidente mencionou a recente ligação telefônica com Donald Trump, ocorrida na segunda-feira (6), em que ambos conversaram por cerca de 30 minutos. Segundo Lula, o diálogo foi amistoso e sinalizou um possível recomeço nas relações entre os dois países.

“O presidente Trump, que parecia inimigo número um, me telefonou e disse: ‘Lulinha, pintou uma química entre nós. Vamos conversar, vamos discutir’. E é bom que pinte uma química mesmo, porque eu sei gostar de gente”, relatou.

De acordo com o Palácio do Planalto, a conversa abordou a retomada das relações comerciais e o pedido brasileiro pela revogação das tarifas impostas por Washington a exportações nacionais. Atualmente, o tarifaço chega a 50% em produtos como café, carne e frutas. Lula também solicitou o fim das sanções aplicadas a autoridades brasileiras durante o governo Trump.

Para tratar do tema, o presidente designou o ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e o chanceler Mauro Vieira para conduzir as negociações com os Estados Unidos. Pelo lado norte-americano, o secretário de Estado, Marco Rubio, foi escalado para representar o governo.

Na manhã desta quinta-feira, Mauro Vieira conversou por telefone com Rubio, e ambos concordaram em realizar uma reunião presencial em Washington, em data ainda não definida. Segundo o Itamaraty, o encontro deve tratar das tarifas comerciais, além de discutir temas de cooperação econômica e energética.

Lula também comentou sobre o clima de reaproximação com os Estados Unidos durante a inauguração da nova fábrica da montadora chinesa BYD em Camaçari (BA). “Queremos estabelecer uma relação civilizada com o mundo. Por isso defendemos o multilateralismo. Nosso problema com os EUA será resolvido, porque queremos ser tratados com decência e igualdade”, afirmou.

O presidente reforçou que pretende negociar, mas sem abrir mão da soberania nacional. “O Brasil não abaixa a cabeça. Vamos conversar de igual para igual, com respeito mútuo”, declarou, encerrando o discurso sob aplausos de trabalhadores e autoridades locais.

Guilherme Arandas
Guilherme Arandas, 27 anos, atua como redator no DCM desde 2023. É bacharel em Jornalismo e está cursando pós-graduação em Jornalismo Contemporâneo e Digital. Grande entusiasta de cultura pop, tem uma gata chamada Lilly e frequentemente está estressado pelo Corinthians.