
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) anunciou nesta sexta-feira (21) que o governo federal vai financiar áreas em diversos estados brasileiros para a produção de arroz, buscando diminuir a dependência do país de apenas uma região, especialmente após as enchentes no Rio Grande do Sul e a anulação de um leilão para importar grãos ao país.
“Vamos financiar, vamos oferecer o direito de plantar, e a gente vai dar uma garantia de preço para que as pessoas não tenham prejuízo”, afirmou Lula durante entrevista à Rádio Meio FM, em Teresina. O presidente também comentou sobre o frustrado leilão de importação de arroz, alegando que uma “falcatrua de uma empresa” impediu o sucesso da iniciativa.
Lula ainda destacou a necessidade de medidas para reduzir o preço do arroz. “Eu tomei uma atitude drástica dias atrás, que foi a seguinte: o cara me mostrou no celular dele um pacote de arroz de cinco quilos a R$ 36. Outro me mostrou um pacote a R$ 33. Não é possível. O povo não pode pagar isso, está caro. Aí tomei a decisão de importar 1 milhão de toneladas. E depois tivemos a anulação do leilão, porque houve uma falcatrua numa empresa”, explicou.
O petista enfatizou a necessidade de o arroz chegar às mesas dos brasileiros a um preço acessível. “Mas por que eu vou importar? Porque o arroz tem que chegar na mesa do povo no mínimo a R$ 20, um pacote de cinco quilos. Não dá para ser um preço exorbitante”, acrescentou.
🌾Lula diz que leilão do arroz foi anulado por “falcatrua” em empresa
“Por que vou importar? Porque o arroz tem que chegar na mesa do povo no mínimo a R$ 20 reais”, explicou Lula, sobre importação do grão
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No dia 11 de junho, o governo federal anulou o leilão para a importação de arroz devido a indícios de falta de capacidade técnica e irregularidades. O pregão foi alvo de críticas, incluindo a presença de uma loja de leites e um empresário envolvido em escândalos de propina entre os vencedores, como reportado pela Folha. Suspeitas de favorecimento respingaram no então secretário de Política Agrícola, Neri Geller.
Em entrevista à Folha, Geller afirmou que o leilão foi um erro político, mas não de sua responsabilidade, alegando que as denúncias foram amplificadas para atingi-lo. Ele alegou não ter participado da elaboração do pleito e que o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, não o atendeu quando tentou corrigir informações sobre sua saída do cargo.
França, por sua vez, confirmou ter trabalhado com Geller em 2020, mas negou proximidade atual, defendendo a legalidade da criação da BMT e da Foco Corretora. Ele negou ser amigo do ex-secretário.
Integrantes do governo envolvidos na elaboração do certame defenderam a legalidade da medida e afirmaram que nenhuma quantia em dinheiro foi destinada ao pagamento do arroz, já que a quitação só ocorre quando o produto chega aos armazéns da Conab.
A avaliação é de que o tema foi politizado, com a oposição, especialmente ligada ao agronegócio no sul do país, criticando fortemente a compra de arroz estrangeiro.