
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou, em coletiva de imprensa realizada na manhã desta segunda-feira (27) na Malásia, que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ficou surpreso ao saber que a Lei Magnitsky foi usada para punir uma criança de oito anos: a filha do ministro da Saúde, Alexandre Padilha.
Segundo Lula, o caso foi apresentado durante a reunião bilateral entre os dois líderes, acompanhada de um documento entregue pessoalmente ao presidente estadunidense.
“Foi dito para eles com viva-voz e eu fiz questão de entregar um documento. Fiz a questão de entregar um documento. O que é que eu quero? Tá lá, a discussão do Brasil. A Lei Magnitsky, a discussão da taxação, a discussão da Venezuela, a discussão da greve da Ucrânia, tá tudo lá escrito”, relatou Lula.
O presidente contou que Trump demonstrou espanto ao ser informado sobre a punição. “E ele ficou até surpreso quando eu disse que dentro das punições do nosso ministro, além de punir o ministro da Saúde, puniram uma filha dele de 8 anos. Quem tava lá viu que ele ficou surpreso. Então, eu acho que está estabelecida a relação entre o Brasil e Estados Unidos. Quem imaginava que não ia ter, perdeu. Vai ter e vai ter uma relação produtiva pros dois países e para a democracia”, declarou.
Lula diz que entregou documento a Trump com discussões sobre a lei Magnitsky, o tarifaço, sanções a autoridades brasileiras e tensão na Venezuela. Segundo Lula, Trump ficou surpreso ao ler trecho que descrevia punições à filha do ministro da Saúde, Alexandre Padilha, de 8 anos de… pic.twitter.com/FZEdEyVX0g
— GloboNews (@GloboNews) October 27, 2025
Durante o encontro, Lula também tratou de temas mais amplos, incluindo a situação da Venezuela. O presidente disse que o documento tem uma síntese de temas prioritários para o governo brasileiro, como o tarifaço imposto pelos Estados Unidos, conflitos internacionais e questões de política externa regional.
“Eu coloquei a questão da Venezuela para ele, dizendo que pelo noticiário estou vendo que as coisas estão se agravando. Expliquei que é extremamente importante levar em conta a experiência que o Brasil tem como maior país da América do Sul e economicamente mais relevante da região”, afirmou.
Lula lembrou que o Brasil já teve papel ativo em momentos de instabilidade política na Venezuela. Ele citou 2003, quando, nos primeiros dias de seu primeiro mandato, participou da criação de um “grupo de amigos” para apoiar o fortalecimento democrático no país vizinho, em parceria com Estados Unidos, Espanha e outras nações sul-americanas.
“Escolhemos pessoas com respeitabilidade da oposição, para fortalecer a democracia. Acredito que é possível encontrar uma solução na Venezuela se houver disposição para negociação”, disse.
O presidente reforçou que o Brasil segue atuando pela manutenção da América do Sul como uma zona de paz, destacando o combate à pobreza e à fome como prioridades: “Nossa guerra é contra a pobreza e a fome. Não queremos trazer conflitos de outras regiões para o nosso continente. Se precisar que o Brasil ajude, estamos à disposição”.