VÍDEO – “Lula é líder que não precisa se dizer líder”: Alberto Fernández fala de vacina, América Latina e peronismo

Atualizado em 26 de janeiro de 2021 às 17:08
O presidente argentino, Alberto Fernández, toma vacina russa em Buenos Aires – Esteban Collazo/Presidência Argentina/via Reuters/Reprodução

O presidente da Argentina, Alberto Fernández, deu entrevista ao sociólogo Emir Sader.

“Ele tomou a vacina, tornando-se no primeiro presidente latino-americano a toma-la. Diz que se sente perfeitamente bem. Recomenda a todos toma-la”, diz Emir, que fez um resumo da conversa:

Alberto Fernández contou que começou sua militância politica em uma organização da juventude peronista, sensibilizado pelas campanhas pela volta de Perón, exilado na Espanha desde o golpe militar que o derrubou, em 1955.

Pintavam paredes com “Perón Volta”, com a consciência de que se o país andava mal e os que o dirigiam tinham sido os que tinham deposto a Perón, o seu retorno seria a solução para os problemas do pais.

Momento importante foi o retorno de Perón, quando ele tinha 13 anos, assim como a eleição e o governo. Ele se lembra de, voltando da escola, entrou uma cadeia de radio e televisão, na qual Estela Martinez de Perón, sua mulher, anunciava sua morte. 

Do golpe militar de 1976, ele também se recorda pelo anúncio na TV, quando ele tomava banho para ir à escola. Veio um período muito difícil, pela repressão, pelo silencio, pelos amigos e colegas presos, desaparecidos, exilados.

Nas sua formacao, leu todos os clássicos do peronismo, além da obra do próprio Peron: Jauretche, Scalabrini Ortiz, entre outros. A literatura marxista sempre lhe pareceu muito abstrata, ideológica.

Enquanto o peronismo é para ele uma visão na medida da Argentina e da alma dos argentinos. Pesaram também a Revolucao Cubana e as barricadas de maio de 1968 na Franca. Da cultura hippie, segundo ele, vem seu gosto pela musica, por Joan Baez, por Bob Marley (que dá nome a seu cachorro).

Já como adulto, a grande experiência dele foi ser chefe de gabinete de Nestor Kirchner, que ele considera o melhor presidente argentino.

Se recorda da ida de Lula à posse de Néstor Kirchner e considera o brasileiro um líder como nunca conheceu: “aquele que não precisa dizer que é um líder, todos se dão conta disso”. Se recorda da viagem fundamental que fez com Néstor ao Chile de Ricardo Lagos e Bachelet e ao Brasil, encontrar-se com Lula como presidente.

Diante do fracasso do governo de Mauricio Macri, que havia derrotado o candidato de Cristina Kirchner, Alberto Fernández se dedicou à reunificação do peronismo, sempre considerada condição indispensável para a vitória eleitoral.

Concluída essa unificação, para sua surpresa, Cristina o escolheu como candidato. Ele reagiu: “A candidata tem que ser você.” Ouviu os argumentos dela, compreendeu que ela teria dificuldades para governar.

Assumiu a candidatura, venceu com grande vantagem a tentativa de reeleição de Macri, com a consciência de que tinha que fazer um governo mais amplo, porque teria que se enfrentar a uma oposição dura. Mas nem bem assumiu a presidência – com um pais desfeito como herança do Macri -, chegou a pandemia.

Antes disso, assumiu uma frase do Papa como orientação: “Primeiro, os últimos.” Se considera um militante, como quando lhe deram a tarefa de ser dirigente do grêmio estudantil, como agora lhe deram de ser presidente. Considera sempre que se deve aos de baixo.

Na pandemia, decretou o mais longo período de isolamento do mundo para proteger a população argentina. Foi à Russia, comprou a vacinas Sputnik, com a qual estão sendo vacinados a todos os argentinos. As prioridades são os trabalhadores da saúde publica, os idosos, mas também todo o pessoal da educação, condição para aa reabertura das escolas na Argentina.