
A ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco, viralizou durante sua ida à COP30 ao reagir com firmeza a uma tentativa de provocação do ex-deputado Arthur do Val, membro do Movimento Brasil Livre (MBL), conhecido por falas misóginas e comportamento ofensivo e pelo apelido de “Mamãe Falei”. Durante o evento em Belém (PA), Arthur tentou constrangê-la, mas recebeu uma resposta direta e contundente. “Você é um assediador. No dia em que você aprender a respeitar as mulheres, eu falo com você!”, afirmou Anielle, encerrando o embate sob aplausos de participantes.
A cena, registrada por jornalistas e reproduzida nas redes sociais, reacendeu o debate sobre a presença de figuras como o ex-deputado em eventos de caráter internacional e sobre o histórico de misoginia e desrespeito às mulheres na política brasileira.
O MBL também foi o movimento responsável por disseminar mentiras sobre Marielle Franco, irmã da ministra, logo após ser assassinada em 2018. Na ocasião, um site ligado ao grupo de extrema-direita tentou imputar à vereadora uma suposta associação criminosa para justificar o crime político cometido por um vizinho de Jair Bolsonaro a mando dos irmãos Brazão, aliados do ex-presidente.
Em outro momento, com sua clássica abordagem para irritar e tentar constranger os “entrevistados”, o influencer foi rebatido pelo ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência, Guilherme Boulos, ao ser questionado sobre a situação política do deputado federal André Janones (Avante-MG).
“Gente, tomem cuidado! Tem um assediador na área”, bradou Boulos durante o evento. Mamãe Falei, por sua vez, questionou das denúncias de rachadinhas contra Janones e acusou os seguranças do ministro de agredi-lo, mas sem apresentar provas mesmo com uma câmera nas mãos.
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— Beta Bastos (@roberta_bastoss) November 11, 2025
Mulheres pobres e fáceis
Arthur do Val é o mesmo que, em 2022, teve o mandato cassado pela Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) após a divulgação de áudios em que fazia comentários sexistas e degradantes sobre mulheres ucranianas refugiadas da guerra.
Nas gravações, divulgadas em março daquele ano, Arthur se referia às mulheres da Ucrânia como “fáceis, porque são pobres”.
Em outro trecho, ele descreveu as filas de refugiadas que deixavam o país como “a fila da melhor balada do Brasil, só deusa”, e chegou a afirmar que “passou por quatro barreiras alfandegárias com policiais deusas, que você casa e faz tudo que ela quiser”.
A repercussão foi imediata. O então deputado, filiado ao Podemos e pré-candidato ao governo de São Paulo, admitiu ser o autor das mensagens e alegou, na época, que havia sido um “erro em momento de empolgação”.
A justificativa não foi suficiente para conter a indignação pública. A Alesp abriu processo por quebra de decoro parlamentar, e o resultado foi unânime: 73 deputados votaram pela cassação de seu mandato, mesmo após ele tentar renunciar antes da votação. A decisão tornou o ex-deputado inelegível por oito anos, com base na Lei da Ficha Limpa.