
Manifestantes de movimentos de esquerda protestaram nesta quinta-feira (10), na Avenida Paulista, em São Paulo, contra as tarifas de 50% impostas pelos Estados Unidos aos produtos brasileiros. Durante o ato, liderado pela Frente Povo Sem Medo e pelo MTST, um boneco representando o presidente americano Donald Trump foi queimado em sinal de repúdio.
A manifestação, inicialmente convocada para cobrar a taxação dos super-ricos e isenção de impostos para a população de baixa renda, passou a ter foco também na crise diplomática provocada pelas falas de Trump.
Com cartazes e faixas contra o ex-presidente Jair Bolsonaro, o governador Tarcísio de Freitas, o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta, e o próprio Trump, o protesto reuniu milhares de pessoas em frente ao Masp. Houve palavras de ordem contra o “imperialismo americano” e críticas à suposta submissão de lideranças da direita brasileira aos interesses estrangeiros. Frases como “o Brasil não será tutelado” e “fora Tarcísio” ecoaram durante o evento.
O deputado Rui Falcão (PT) afirmou no carro de som que a medida de Trump “é absurda e incentivada por bolsonaristas”. Já Natalia Szermeta, do MTST e esposa do deputado Guilherme Boulos (PSOL), criticou a postura da oposição: “Eles nunca foram patriotas, nem Bolsonaro, nem sua família”.
🇧🇷🇺🇸 Manifestantes queimam boneco de Trump na Paulista.pic.twitter.com/6QO2VUZZOK
— Eleições em Pauta (@eleicoesempauta) July 10, 2025
A manifestação também rejeitou qualquer tentativa de anistia aos envolvidos na tentativa de golpe de 8 de janeiro de 2023. Militantes lembraram que a ofensiva de Trump foi motivada por sua defesa aberta a Bolsonaro, atualmente julgado pelo STF. A carta do presidente americano ao governo brasileiro foi citada como um exemplo de ingerência externa.
Na mesma linha, Ana Carla Perles, coordenadora da Frente Povo Sem Medo, afirmou que “se Trump não recuar, novas manifestações virão”. Ela também reforçou que o ato busca dialogar com a população e denunciar o impacto econômico e político das decisões vindas de Washington.
Durante o protesto, faixas da CUT, UGT, PT e PSOL marcaram presença, com críticas ao Congresso e à atual escala de trabalho 6×1. A presença de jovens, trabalhadores e lideranças populares reforçou o caráter plural do ato. As redes sociais amplificaram a mobilização, e a postagem de Lula sobre o tema teve engajamento três vezes maior que a de Bolsonaro.
Além da queima do boneco de Trump, os manifestantes usaram imagens, músicas e vídeos para ironizar a aproximação entre a extrema direita brasileira e o presidente dos EUA.
A militância utilizou tecnologia e inteligência artificial para divulgar peças com o slogan “Lula quer taxar os bilionários; Bolsonaro quer taxar o Brasil”. Apesar da tensão gerada pelo tarifaço, o governo Lula mantém o discurso de reciprocidade e soberania nacional.