
Na noite de 13 de junho de 2025, um morador de rua identificado como Jeferson de Souza foi morto com três tiros de fuzil por policiais militares, na região central de São Paulo. A abordagem policial, registrada por uma câmera corporal, mostra que a vítima estava desarmada e não resistia à ação dos agentes no momento dos disparos. Isso tem se tornado uma constante ao longo do governo do bolsonarista Tarcísio de Freitas (Republicanos).
As imagens da câmera corporal, obtidas pela TV Globo e também pela Folha de S.Paulo, revelam que Jeferson estava com as mãos à frente do corpo e aparentemente se entregando, quando foi atingido por três disparos – na cabeça, no tórax e no braço direito.
A abordagem começou por volta das 20h23, quando uma viatura da Força Tática do 7º Batalhão da PM parou próximo ao Viaduto 25 de Março, no bairro do Brás. Jeferson desceu de uma árvore e foi abordado pelos policiais, sendo conduzido para trás de uma pilastra — local fora do alcance das câmeras de segurança da rua.
Apesar de estar chorando e obedecendo às ordens dos policiais, Jeferson foi baleado às 21h25, após passar mais de uma hora em contato com os agentes, sem apresentar resistência.
Os PMs Alan Wallace dos Santos Moreira (tenente) e Danilo Gehrinh (soldado) alegaram, em depoimento, que Jeferson tentou tomar a arma de um deles, justificando os disparos. No entanto, a gravação não mostra qualquer atitude agressiva ou tentativa de reação por parte da vítima.
Inclusive, segundos antes dos tiros, o soldado Gehrinh aparenta se preparar para algemar Jeferson, que estava com as mãos na cabeça. A câmera utilizada por Moreira estava descarregada, fato que também está sendo apurado pela corporação.
Vídeo da câmera na farda de polícial em SP mostra o policial tapando a câmera e depois executam um morador de rua. Se fazem isso com câmera, imagina sem. pic.twitter.com/vfImDs00jJ
— Pedro Ronchi 🇧🇷 (@PedroRonchi2) August 5, 2025
A Corregedoria da Polícia Militar prendeu os dois policiais, que foram denunciados pelo Ministério Público de São Paulo por homicídio doloso qualificado. O promotor responsável pelo caso, Enzo de Almeida Carrara Boncompagni, classificou a conduta dos agentes como “sádica” e com “absoluto desprezo pela vida humana”.
“Os denunciados agiram por mero sadismo, deliberando matar a vítima, que já estava rendida, por motivo torpe”, afirmou o promotor na denúncia.
Segundo nota oficial, um Inquérito Policial Militar (IPM) foi instaurado, os policiais afastados de suas funções e a prisão preventiva foi solicitada e cumprida em 22 de julho.
A Secretaria de Segurança Pública destacou ainda que os equipamentos de Câmeras Operacionais Portáteis (COPs) do 7º BPM foram substituídos por modelos com mais autonomia e funcionalidades, como parte da apuração sobre o uso correto desses dispositivos.