
O presidente Lula abriu a sessão plenária preparatória da COP30, em Belém, com críticas diretas ao negacionismo climático e aos interesses que, segundo ele, ainda travam o avanço das políticas ambientais. Para o petista, o debate continua distante da vida real da população, apesar de seus efeitos estarem cada vez mais visíveis.
“Interesses egoístas e imediatos preponderam sobre o bem comum”, afirmou. Para Lula, Em seu discurso, o presidente destacou que “as pessoas podem não entender o que são emissões ou toneladas métricas de carbono, mas sentem a poluição”.
Lula defendeu que o combate às mudanças climáticas deve fazer parte das decisões de governos, empresas e indivíduos, citando eventos extremos como secas e enchentes. Ele também criticou o uso político da desinformação: “Forças extremistas fabricam inverdades para obter ganhos eleitorais”.
Em discurso na Cúpula de Líderes em Belém, Lula enaltece Acordo de Paris, firmado em 2015, e diz: “Interesses egoístas e imediatos preponderam sobre o bem comum de longo prazo.” #ConexãoGloboNews
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O petista voltou a defender que menos recursos sejam destinados a conflitos armados e mais à preservação ambiental. “Justiça climática é aliada do combate à fome e à pobreza”, disse. Ele relacionou desigualdade social e crise climática, afirmando que será impossível contê-la sem enfrentar as disparidades entre países ricos e pobres.
Lula também ressaltou a importância histórica de realizar a COP no coração da Amazônia. “Pela primeira vez na história, uma COP do Clima terá lugar no coração da Amazônia”, prosseguiu. Ele citou o simbolismo do bioma, sua biodiversidade e a dimensão da bacia hidrográfica, apontando que o mundo precisa ouvir a região que mais sofre com o desmatamento e a exploração irregular.
O presidente afirmou que este é o “momento de levar a sério os alertas da ciência” e citou projeções de mortes e prejuízos econômicos provocados pelo aquecimento global. Lula defendeu a necessidade de “mapas do caminho” para reverter o desmatamento e reduzir a dependência de combustíveis fósseis, reconhecendo que o tema é uma cobrança recorrente de entidades ambientais.
"Hoje os olhos do mundo se voltam para Belém com imensa expectativa. Pela primeira vez na história, uma COP do clima terá lugar no coração da Amazônia. No imaginário global, não há símbolo maior da causa ambiental do que a floresta amazônica", afirmou Lula na abertura de seu… pic.twitter.com/aFc3P2v8Je
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Além da plenária, Lula cumpre agenda de encontros bilaterais ao longo do dia. Ele se reunirá com o príncipe William e com o premiê britânico Keir Starmer para discutir cooperação climática. À tarde, terá encontro com Emmanuel Macron, com expectativa de avançar em projetos conjuntos para o Fundo Amazônia.
A programação da cúpula é apenas preparatória e não prevê decisões formais. O objetivo é orientar os debates da COP30 e alinhar posições entre países florestais e nações que financiam a transição verde. Após a fala de Lula, outros líderes apresentaram discursos voltados à adaptação climática e ao financiamento internacional.
Na véspera, as presidências da COP29 e COP30 lançaram o “Roteiro de Baku a Belém”, um plano para mobilizar ao menos US$ 1,3 trilhão por ano até 2035 para enfrentar a crise climática. O documento propõe novas fontes de arrecadação, como taxação de aviação, bens de luxo e grandes fortunas, além de reformas no sistema financeiro global. O texto não tem caráter vinculante, mas busca criar um consenso mínimo sobre investimentos em mitigação, adaptação e transição energética.