VÍDEO – Na COP30, Lula detona negacionismo climático e “interesses egoístas”

Atualizado em 6 de novembro de 2025 às 14:32
O presidente Lula durante discurso de abertura na sessão plenária da Cúpula do Clima, em Belém (PA). Foto: Reprodução

O presidente Lula abriu a sessão plenária preparatória da COP30, em Belém, com críticas diretas ao negacionismo climático e aos interesses que, segundo ele, ainda travam o avanço das políticas ambientais. Para o petista, o debate continua distante da vida real da população, apesar de seus efeitos estarem cada vez mais visíveis.

“Interesses egoístas e imediatos preponderam sobre o bem comum”, afirmou. Para Lula,  Em seu discurso, o presidente destacou que “as pessoas podem não entender o que são emissões ou toneladas métricas de carbono, mas sentem a poluição”.

Lula defendeu que o combate às mudanças climáticas deve fazer parte das decisões de governos, empresas e indivíduos, citando eventos extremos como secas e enchentes. Ele também criticou o uso político da desinformação: “Forças extremistas fabricam inverdades para obter ganhos eleitorais”.

O petista voltou a defender que menos recursos sejam destinados a conflitos armados e mais à preservação ambiental. “Justiça climática é aliada do combate à fome e à pobreza”, disse. Ele relacionou desigualdade social e crise climática, afirmando que será impossível contê-la sem enfrentar as disparidades entre países ricos e pobres.

Lula também ressaltou a importância histórica de realizar a COP no coração da Amazônia. “Pela primeira vez na história, uma COP do Clima terá lugar no coração da Amazônia”, prosseguiu. Ele citou o simbolismo do bioma, sua biodiversidade e a dimensão da bacia hidrográfica, apontando que o mundo precisa ouvir a região que mais sofre com o desmatamento e a exploração irregular.

O presidente afirmou que este é o “momento de levar a sério os alertas da ciência” e citou projeções de mortes e prejuízos econômicos provocados pelo aquecimento global. Lula defendeu a necessidade de “mapas do caminho” para reverter o desmatamento e reduzir a dependência de combustíveis fósseis, reconhecendo que o tema é uma cobrança recorrente de entidades ambientais.

Além da plenária, Lula cumpre agenda de encontros bilaterais ao longo do dia. Ele se reunirá com o príncipe William e com o premiê britânico Keir Starmer para discutir cooperação climática. À tarde, terá encontro com Emmanuel Macron, com expectativa de avançar em projetos conjuntos para o Fundo Amazônia.

A programação da cúpula é apenas preparatória e não prevê decisões formais. O objetivo é orientar os debates da COP30 e alinhar posições entre países florestais e nações que financiam a transição verde. Após a fala de Lula, outros líderes apresentaram discursos voltados à adaptação climática e ao financiamento internacional.

Na véspera, as presidências da COP29 e COP30 lançaram o “Roteiro de Baku a Belém”, um plano para mobilizar ao menos US$ 1,3 trilhão por ano até 2035 para enfrentar a crise climática. O documento propõe novas fontes de arrecadação, como taxação de aviação, bens de luxo e grandes fortunas, além de reformas no sistema financeiro global. O texto não tem caráter vinculante, mas busca criar um consenso mínimo sobre investimentos em mitigação, adaptação e transição energética.

Caique Lima
Caique Lima, 27. Jornalista do DCM desde 2019 e amante de futebol.