VÍDEO – Netanyahu anunciou derrota na “guerra de propagandas” antes de matar jornalistas

Atualizado em 11 de agosto de 2025 às 19:00
Benjamin Netanyahu, primeiro-ministro de Israel. Foto: Abir Sultan/AFP

Horas antes de ordenar um ataque que matou cinco jornalistas da Al Jazeera em Gaza, incluindo o repórter Anas Al-Sharif, o primeiro-ministro israelense Benjamin Netanyahu afirmou que Israel estava perdendo a “guerra da propaganda” para “bots e algoritmos”. Em coletiva de imprensa, Netanyahu sugeriu que manifestações contra o que chamou de “Holocausto Palestino” nas redes sociais seriam falsas e parte de uma campanha contra Israel.

“Pessoas que realmente entendem, as mais especializadas no mundo, me dizem que cerca de 60% das respostas nas redes sociais são bots”, declarou Netanyahu. “São bots que, especialmente nos EUA, querem atacar o apoio que Israel tem do lado republicano. Eles se descrevem como sulistas autênticos, exceto que estão escrevendo da Ásia em algum lugar”.

Ainda na entrevista, o genocida afirmou que “Israel não tem escolha a não ser terminar o trabalho e completar a derrota do Hamas”, indicando que seguirá sua política de mortes em massa na Faixa de Gaza: “Falamos em termos de prazos bastante curtos porque queremos terminar a guerra (…) Vamos ganhar a guerra com ou sem o apoio de outros países”.

Ataque a jornalistas

No domingo (10), o Exército israelense atacou uma tenda de imprensa em frente a um hospital em Gaza, matando cinco profissionais da Al Jazeera, incluindo Anas Al-Sharif, de 28 anos. As Forças de Defesa de Israel (IDF) alegaram que Al-Sharif liderava uma célula do Hamas, acusação veementemente negada pela Al Jazeera, que denunciou uma “campanha de incitação” contra seus repórteres.

Além de Al-Sharif, morreram no ataque os colegas Mohammed Qreiqeh, Ibrahim Zaher, Mohammed Noufal e Moamen Aliwa. A Al Jazeera destacou que Israel restringe o acesso de jornalistas estrangeiros a Gaza, limitando a cobertura independente do conflito.

O ataque ocorreu dias após o gabinete de segurança israelense aprovar um plano para assumir o controle de Gaza City, primeiro passo para uma potencial ocupação total da Faixa de Gaza. A decisão gerou alertas da cúpula militar israelense e condenações internacionais.

O primeiro-ministro britânico Keir Starmer classificou o plano como “errado” e pediu que Israel reconsiderasse “imediatamente”. Dentro de Israel, pesquisas mostram que a maioria da população prefere um acordo com o Hamas pela libertação de reféns ao invés da escalada militar.

Analistas sugerem que Netanyahu pode estar prolongando o conflito para manter sua coalizão no poder, que depende de ministros ultranacionalistas como Itamar Ben Gvir e Bezalel Smotrich – defensores da “migração voluntária” de palestinos de Gaza, medida que poderia configurar crime de guerra.

O chefe do Estado-Maior israelense, tenente-general Eyal Zamir, teria alertado Netanyahu que a ocupação total de Gaza seria “equivalente a cair em uma armadilha” e colocaria em risco a vida dos reféns restantes. Jornais israelenses citam avaliações de que “a maioria ou possivelmente todos os reféns vivos morrerão” durante uma ofensiva ampliada.

Augusto de Sousa
Augusto de Sousa, 31 anos. É formado em jornalismo e atua como repórter do DCM desde de 2023. Andreense, apaixonado por futebol, frequentador assíduo de estádios e tem sempre um trocadilho de qualidade duvidosa na ponta da língua.