VÍDEO: Netanyahu é vaiado e líderes mundiais deixam Assembleia da ONU durante discurso

Atualizado em 26 de setembro de 2025 às 11:47
O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, discursa na Assembleia Geral das Nações Unidas. Foto: Reprodução

O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, foi vaiado ao subir ao púlpito para discursar na Assembleia Geral das Nações Unidas nesta sexta-feira (26). Delegações de diversos países, incluindo o Brasil, deixaram a plenária em protesto antes mesmo do início da fala do líder israelense.

O boicote foi organizado por diplomatas brasileiros e de outros países como resposta ao descumprimento de decisões do Tribunal Penal Internacional (TPI) e da Corte Internacional de Justiça (CIJ).

“Ato foi pensado como resposta ao descumprimento das decisões do Tribunal Penal Internacional e da Corte Internacional de Justiça”, afirmou um embaixador brasileiro.

 

Netanyahu mente sobre genocídio e promete continuidade da guerra

Em seu discurso, Netanyahu prometeu prosseguir com a guerra de Israel contra o Hamas na Faixa de Gaza e dirigiu palavras aos reféns ainda mantidos pelo grupo palestino. “Não nos esquecemos de vocês, nem por um segundo”, disse em hebraico.

O premiê listou vitórias israelenses contra o Hamas e outros grupos apoiados pelo Irã, lembrando à comunidade internacional os ataques de 7 de outubro de 2023, quando militantes do Hamas mataram cerca de 1.200 pessoas em Israel e sequestraram dezenas de civis.

Netanyahu também negou tanto o genocídio atribuído a Israel nos últimos dois anos contra o povo palestino quanto a acusação de provocar fome na região. “Israel é sempre acusado de fome deliberada em Gaza, quando na verdade está alimentando o povo de Gaza”, afirmou.

Ainda em relação ao genocídio, denunciado por dezenas de lideranças mundiais em pronunciamentos anteriores, Netanyahu disse que se trata de uma “acusação falsa”. “Israel é acusado de usar civis como alvo deliberado, mas ocorre o contrário […]. Pelo que estamos fazendo, a proporção entre combatentes e não combatentes em Gaza é de menos de 2 para 1. É uma proporção muito baixa”, afirmou.

“Finalizar o serviço”

O premiê israelense acrescentou que Israel vai “finalizar o serviço” contra o Hamas e agradeceu o apoio de Donald Trump em ações militares. Ele ainda citou o ataque dos Estados Unidos a depósitos nucleares do Irã, chamando-o de um “ato de bravura”.

“Não terminamos ainda. Os elementos finais do Hamas ainda estão na Cidade de Gaza. Eles querem repetir as atrocidades de 7 de outubro de novo e de novo. É por isso que Israel precisa terminar o trabalho. Queremos fazer isso o mais rápido possível”, afirmou.

“Se o Hamas concordasse com nossas exigências, a guerra acabaria agora. Gaza seria desmilitarizada, Israel tomaria controle da segurança e autoridade pacífica seria estabelecida pelo povo de Gaza e outros comprometidos com a paz de Israel.”

Críticas a líderes que reconheceram o Estado Palestino

Netanyahu ainda criticou os líderes internacionais que reconheceram o Estado da Palestina, afirmando que eles sentirão “vergonha” dessa decisão no futuro. Ele classificou a medida como antissemita e declarou que nem mesmo os palestinos apoiam a solução de dois Estados.

“Quando os terroristas mais selvagens do mundo comemoram sua decisão, isso mostra que vocês fizeram algo terrivelmente errado. Sua decisão vergonhosa [de reconhecer o Estado Palestino] que encoraja terrorismo contra judeus e pessoas inocentes de todo o mundo vai ser uma marca de vergonha em todos vocês”, disparou.

Transmissão do discurso

O gabinete de Netanyahu também determinou que seu discurso de hoje fosse transmitido ao vivo para moradores da Faixa de Gaza. Para isso, as Forças de Defesa de Israel receberam ordens de instalar alto-falantes em caminhões posicionados ao longo do enclave palestino.

À imprensa israelense, o Ministério da Defesa confirmou a transmissão, mas ressaltou que ela ocorreria apenas a partir do lado israelense da fronteira.

Desde a ofensiva israelense em resposta ao ataque, mais de 65 mil pessoas morreram em Gaza, segundo autoridades de saúde locais. A guerra deixou grande parte do território em ruínas, ampliando a crise humanitária que segue em destaque nos debates da ONU.