
O deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) recorreu a uma série de mentiras para criticar a chamada PL da Adultização, em entrevista ao programa “Pânico Jovem Pan”, na última quinta-feira (21). O projeto de lei 2.628/2022, aprovado na quarta-feira (20), tem como objetivo proteger crianças e adolescentes nas redes sociais. A narrativa de parlamentares bolsonaristas, no entanto, aponta para uma suposta tentativa de censura do Estado sobre conteúdos online.
Nikolas buscou embasar seu discurso em casos já desmentidos, como a polêmica da Ilha de Marajó, histórias de professoras que teriam incentivado alunos a se beijarem ou ficarem nus em sala de aula e o episódio em que uma criança interagiu com um artista nu no Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM-SP).
“No mesmo dia eu estava relatando um projeto na comissão de educação que combatia a erotização dentro das escolas, porque a gente tem visto professores colocando vídeo pornográfico em sala de aula, professores usando sua posição hierárquica para colocar conteúdos eróticos, inclusive professor que fez alunos se beijarem para poder ganhar pontos na matéria”, declarou o deputado.
Apesar do tom alarmista, não há registros oficiais ou relatos que confirmem as situações descritas pelo parlamentar. O discurso de Nikolas se alinha ao pânico moral frequentemente mobilizado pela bancada bolsonarista, que busca associar a pauta da educação a supostas práticas de erotização de crianças e adolescentes.
🚨 BIZARRO: deputado Nikolas Ferreira espalha fake news absurda sobre os professores!
“Estão passando pornografia nas aulas e obrigando os alunos a se beijarem!”
A fala foi feita em entrevista ao Pânico. pic.twitter.com/zvkuIEi6Os
— Análise Política 2 (@analise2025) August 22, 2025
Fake news da Ilha de Marajó
O caso da Ilha de Marajó é um exemplo central dessa estratégia. Em 2020, a então ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos, Damares Alves (Republicanos-DF), lançou o programa Abrace o Marajó. A iniciativa foi apresentada como resposta a supostas violações de direitos humanos na região, com foco em alegações nunca comprovadas de exploração sexual infantil.
No entanto, investigações apontaram que o programa abriu espaço para a grilagem de terras e o fortalecimento de igrejas evangélicas em áreas que deveriam ser destinadas a comunidades ribeirinhas.
Segundo apuração do Uol, houve uma série de irregularidades durante a execução do projeto, especialmente em relação ao interesse do agronegócio e do mercado de crédito de carbono sobre as terras do arquipélago. Igrejas foram construídas em terrenos de uso coletivo, em detrimento da população local.
As polêmicas também cercaram as declarações da própria Damares Alves. A ex-ministra chegou a afirmar que meninas da região seriam exploradas sexualmente por não usarem calcinhas e que teriam os dentes arrancados “para não morderem na hora do sexo oral”.
O Ministério Público Federal ingressou com uma ação contra a senadora por disseminação de fake news, pedindo indenização de R$ 5 milhões por danos coletivos.
Veja a fala inteira de Nikolas: