VÍDEO – O recado de Zanin a Tarcísio ao condenar Bolsonaro

Atualizado em 11 de setembro de 2025 às 18:01
Cristiano Zanin, presidente da Primeira Turma do STF, durante julgamento de Bolsonaro. Foto: Brenno Carvalho/Agência O Globo

O ministro Cristiano Zanin foi o último a votar no julgamento da trama golpista e afirmou que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) liderou uma organização criminosa com funções bem delimitadas e participação direta de setores das Forças Armadas com o objetivo de dar um golpe de Estado. Para o magistrado, a responsabilização adequada dos envolvidos em tentativas de ruptura institucional é “elemento fundamental para a pacificação nacional e a consolidação do Estado democrático de Direito”.

Com o voto de Zanin, a Primeira Turma condenou Bolsonaro por 5 crimes pelo placar de 4 a 1.

Durante sua manifestação, Zanin recordou outros episódios da história brasileira, como o golpe de 1937, para reforçar a necessidade de punir quem atenta contra a Constituição. O recado foi direcionado a setores que defendem a anistia como saída para a crise, caso do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos). O governador afirmou recentemente que o Brasil já concedeu outras anistias e que, por isso, não seria uma “heresia” defender um novo perdão aos condenados.

O ministro frisou que Bolsonaro montou, com o auxílio de aliados, uma estrutura criminosa voltada à permanência no poder à revelia da vontade popular expressa nas urnas eletrônicas.

O ex-advogado do presidente Lula, que assumiu vaga no Supremo em 2023, afirmou que a responsabilização é condição para preservar a democracia. De perfil discreto, Zanin já havia sinalizado sua posição durante o voto da ministra Cármen Lúcia ao comentar, em aparte, que a prova da tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito ficou evidente ainda em 7 de setembro de 2021, quando Bolsonaro atacou o STF em ato na Avenida Paulista.

A ministra Cármen Lúcia também fez um comentário durante o voto de Zanin. “Se, no golpismo, quem atenta ao Estado democrático de Direito não é condenado, incentivam-se novas tentativas”, disse a magistrada.

Ela já havia afirmado em sua manifestação nesta quinta-feira (11) que existe “prova cabal” de que Jair Bolsonaro liderou uma organização criminosa para tentar um golpe no Brasil. Com sua posição, a Primeira Turma do STF formou maioria pela condenação do ex-presidente em todos os crimes apontados pela Procuradoria-Geral da República (PGR).

“A procuradoria fez prova cabal de que grupo liderado por Jair Messias Bolsonaro, composto por figuras-chaves do governo, das Forças Armadas e órgãos de inteligência, desenvolveu e implementou plano progressivo e sistemático de ataque às instituições democráticas com a finalidade de prejudicar a alternância legítima de poder nas eleições de 2022 e minar o livre exercício dos demais Poderes constitucionais, especialmente o Judiciário”, afirmou Cármen Lúcia em seu voto.

A ministra ainda reforçou que a estratégia era impedir a alternância de poder após as eleições de 2022 e restringir a atuação dos demais Poderes.

Augusto de Sousa
Augusto de Sousa, 31 anos. É formado em jornalismo e atua como repórter do DCM desde de 2023. Andreense, apaixonado por futebol, frequentador assíduo de estádios e tem sempre um trocadilho de qualidade duvidosa na ponta da língua.