
Em entrevista ao programa “Reconversa”, do jornalista Reinaldo Azevedo, o prefeito de Recife, João Campos (PSB), fez duras críticas à comunicação do governo Lula (PT), apontando contradições entre ações concretas e mensagens simbólicas que, segundo ele, prejudicam a relação com setores estratégicos como o agronegócio e os evangélicos.
“A gente vive um tempo do símbolo e do concreto, onde o símbolo vale muito e o concreto também. E, na minha visão, você tem tido um sinal trocado muitas vezes pelo governo federal”, afirmou Campos durante a conversa com o jornalista e o advogado Walfrido Warde.
O prefeito, considerado uma das principais promessas da centro-esquerda, destacou a importância do agronegócio para a economia brasileira e reconheceu os avanços conquistados durante os governos Lula. “Vocês têm dúvida que o presidente que mais abriu o mercado global para o agro brasileiro foi o presidente Lula? Isso é concreto”, questionou.
No entanto, Campos criticou o que chamou de “mensagens contraditórias” enviadas pelo presidente. “Aí ele faz o mais difícil, que é o concreto, mas ele manda o símbolo para o agro errado, que ele vai e fala mal do agro. Vai e fala outra coisa pontual. Esse simbólico derrete o concreto que foi feito”, argumentou.
O prefeito de Recife estendeu sua análise para outros setores da sociedade, sugerindo que o governo precisa melhorar sua comunicação com grupos que hoje se mostram críticos à gestão petista. “Você tem muito sinal trocado. Você faz por uma categoria, mas você manda um sinal simbólico que não é para ela e vice-versa”, completou.
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— Reinaldo Azevedo (@reinaldoazevedo) June 27, 2025
Campos também ofereceu conselhos ao presidente Lula sobre como lidar com seus principais críticos, incluindo os evangélicos, grupo que, junto com o agronegócio, forma um dos pilares de apoio à direita no Brasil.
“Na minha visão, você tem que fazer uma agenda direcionada para esse público. Você consolida o que tem, você vai atrás do indeciso e depois vai atrás de quem não está com você. Mas é preciso, no tempo de hoje, amenizar o detrator”, sugeriu.
O prefeito reconheceu a dificuldade de conquistar esses setores, mas defendeu uma abordagem mais estratégica. “Se você for olhar de maneira geral, talvez voltando mais uma vez, a população evangélica e o agro, são detratores do presidente, ou não? Então você precisa ter uma pauta para amenizar isso. Não é você converter, mas só o fato deles não terem um gosto ruim ou ranço ali, já ajuda”, explicou.
Apesar das críticas, Campos fez questão de ressaltar que discordâncias são naturais em uma democracia. “Então eu diria que hoje está se errando o que é simbólico, o que é o concreto, mas eu não acho também que em uma democracia seja um totalitarismo, então não é para ninguém ser unânime”, concluiu.
Veja a entrevista completa: