VÍDEO – Padilha ironiza veto de visto dos EUA: “Tô nem aí”

Atualizado em 16 de setembro de 2025 às 15:14
Alexandre Padilha, ministro da Saúde. Foto: reprodução

O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, reagiu nesta terça-feira (16) às incertezas sobre a concessão de seu visto para os Estados Unidos, afirmando que não está “nem aí” para a possibilidade de não ter a entrada autorizada pelo governo Donald Trump, aproveitando a oportunidade para criticar bolsonaristas. A fala ocorreu após o lançamento de um cronograma para integrar o Cadastro SUS ao CPF, em Brasília.

Padilha foi convidado para participar de duas agendas internacionais: uma reunião de ministros da Saúde na Assembleia-Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova York, e um encontro da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), em Washington.

Apesar do convite, ele disse ainda não saber se comparecerá, destacando que precisa acompanhar votações importantes no Congresso Nacional. Ao comentar o impasse sobre o visto, recorreu a um tom irônico e citou a música da cantora Luka, sucesso no Brasil nos anos 2000.

“Esse negócio do visto eu tô igual aquela música: ‘Tô nem aí’, sabe? Vocês tão mais preocupados com o visto do que eu, certo? Tô nem aí. Eu acho que só fica preocupado quem quer ir para os Estados Unidos. Eu não quero ir para os Estados Unidos”, disse o ministro.

Em seguida, aproveitou para criticar Eduardo Bolsonaro (PL-SP), filho do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que fugiu para os Estados Unidos em fevereiro. A Polícia Federal apontou que o deputado tem atuado no país contra autoridades brasileiras.

“Só fica preocupado com visto quem quer sair do Brasil, ou quem quer ir pra lá pra fazer lobby de traição da pátria, como alguns tão fazendo. Não é o meu interesse, tá certo? Então eu tô nem aí com relação a isso”, declarou.

No mês passado, o governo estadunidense cancelou o visto da esposa e da filha de Padilha, de apenas 10 anos. O documento do próprio ministro não foi atingido pela medida porque já estava vencido. O endurecimento da política de Washington contra autoridades brasileiras atinge especialmente integrantes ligados ao programa Mais Médicos, criado em 2013, durante a gestão de Padilha no Ministério da Saúde.

O Departamento de Estado revogou vistos de Mozart Julio Tabosa Sales, secretário de Atenção Especializada à Saúde, e de Alberto Kleiman, ex-assessor de Relações Internacionais do ministério e atual coordenador-geral para a COP30.

A decisão foi acompanhada de uma publicação da embaixada estadunidense em Brasília, atribuída à Agência para as Relações com o Hemisfério Ocidental. No comunicado, o Mais Médicos foi descrito como “um golpe diplomático que explorou médicos cubanos, enriqueceu o regime cubano corrupto e foi acobertado por autoridades brasileiras e ex-funcionários da Opas”.

Enquanto Padilha minimiza o episódio, o ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, confirmou nesta terça-feira (16) que recebeu a autorização de entrada nos Estados Unidos. Com isso, poderá integrar a comitiva do presidente Luiz Inácio Lula da Silva na Assembleia-Geral da ONU. A confirmação veio após dias de incerteza: na segunda-feira (15), o Itamaraty informou que parte dos vistos da delegação ainda estava em processamento.

 

Augusto de Sousa
Augusto de Sousa, 31 anos. É formado em jornalismo e atua como repórter do DCM desde de 2023. Andreense, apaixonado por futebol, frequentador assíduo de estádios e tem sempre um trocadilho de qualidade duvidosa na ponta da língua.