VÍDEO: Padre invade cerimônia de matriz africana e chama líder religioso de “macaco nojento”

Atualizado em 16 de novembro de 2025 às 15:03
Padre da Praia Grande (SP) acabou sendo fichado pela ofensa. Foto: Reprodução

Mais um caso de intolerância religiosa registrado em Praia Grande, no litoral de São Paulo, virou alvo de investigação após um padre ser acusado de invadir uma cerimônia de matriz africana e proferir ofensas racistas contra o líder religioso responsável pelo ritual.

O caso veio à tona neste domingo (16), quando o boletim de ocorrência foi obtido pelo g1. Segundo o relato, o padre teria chamado o sacerdote de “macaco nojento” e agredido a esposa da vítima durante o tumulto. A confusão aconteceu no Cemitério Morada da Grande Planície, no bairro Vila Antártica, durante as celebrações do Dia de Finados, em 2 de novembro.

A cerimônia de matriz africana estava marcada para as 14h, enquanto a missa católica ocorreria em seguida, às 16h. De acordo com o líder religioso Leandro Oliveira Rocha, de 44 anos, o padre invadiu o espaço por volta das 15h28 e exigiu que ele encerrasse imediatamente o rito.

Leandro registrou o boletim na última segunda-feira (10) e relatou que foi surpreendido pela reação agressiva do pároco. “Se eu estivesse fora do meu horário, o que eu não estava, não dava o direito dele simplesmente me xingar, me insultar e agredir a minha mulher”, afirmou. Ele acrescentou: “Ele me chamou de macaco, de nojento, de imundo. Isso é triste e feio […] Nos tempos de hoje, não se admite isso”.

O religioso contou que pediu paciência ao padre, pois já estava concluindo a celebração. No entanto, as ofensas aumentaram, levando sua esposa, de 33 anos, a começar a gravar a cena. No vídeo, é possível ouvir participantes pedindo respeito e afirmando que o padre não poderia invadir a cerimônia daquela forma. Em meio à confusão, o celular da mulher caiu após o pároco passar por ela. Segundo Leandro, “o pároco bateu na mão da mulher”.

A Polícia Militar chegou a ser acionada, mas, conforme registrado na ocorrência, informou que não poderia conduzir o padre à delegacia, já que ele teria de iniciar a missa das 16h. O caso, então, foi encaminhado ao 2º Distrito Policial de Praia Grande.

A Secretaria de Segurança Pública (SSP-SP) confirmou que a investigação apura os crimes de “ultraje a culto e impedimento ou perturbação de ato a ele relativo” e “injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade ou o decoro, em razão de raça, cor, etnia ou procedência nacional”. Segundo a pasta, “diligências estão em andamento para o esclarecimento dos fatos”.

A Paróquia Nossa Senhora das Graças, responsável pela missa prevista para o mesmo horário, afirmou que os horários são definidos previamente pela Prefeitura de Praia Grande, com cerca de 60 minutos de intervalo para cada instituição religiosa. Segundo a paróquia, a cerimônia de matriz africana ultrapassava o horário de 15h30, levando o padre a solicitar a conclusão do ritual para preparar o espaço.

Em nota, a igreja alegou que, ao entrar no local, o sacerdote permaneceu em silêncio e não se dirigiu a nenhum integrante da celebração. “[O padre] entrou com o grupo e permaneceu em silêncio durante todo o tempo, sem se dirigir a qualquer pessoa presente”, garantiu a instituição. A paróquia disse ainda que seus membros apenas aguardavam a saída dos participantes da cerimônia anterior para dar início aos preparativos da missa.

Guilherme Arandas
Guilherme Arandas, 27 anos, atua como redator no DCM desde 2023. É bacharel em Jornalismo e está cursando pós-graduação em Jornalismo Contemporâneo e Digital. Grande entusiasta de cultura pop, tem uma gata chamada Lilly e frequentemente está estressado pelo Corinthians.