
Após dois anos de guerra, destruição e milhares de mortos, a população palestina voltou a tomar as ruas de Gaza nesta quarta-feira (8) para celebrar o anúncio de um novo cessar-fogo entre Israel e o Hamas. O acordo marca o início da primeira fase do chamado “Plano de Trump”, mediado pelos Estados Unidos, e prevê uma trégua imediata acompanhada da libertação de reféns e prisioneiros.
A medida reacendeu um sentimento de esperança em meio a um cenário de escombros e sofrimento contínuo. Em bairros devastados, moradores acenderam fogueiras, hastearam bandeiras palestinas e entoaram cânticos em celebração ao que consideram um raro respiro após dois anos de ofensiva militar.
“Queremos acreditar que essa trégua vai durar. O povo de Gaza precisa de paz para viver e enterrar seus mortos”, disse o enfermeiro Ayman al-Khatib, que perdeu familiares durante os bombardeios. A trégua deve entrar em vigor nas próximas horas, conforme mediadores do Catar e do Egito.
Palestinos celebram anúncio de "cessar-fogo" em Gaza.
Alcançado acordo para a primeira fase do chamado "Plano de Trump", celebrações tomam conta do enclave palestino sob genocídio há 2 anos. Trégua deve entrar em vigor nas próximas horas junto com preparação para troca de… pic.twitter.com/Hbc5fXTiMy
— FEPAL – Federação Árabe Palestina do Brasil (@FepalB) October 9, 2025
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, confirmou o acordo em uma publicação nas redes sociais, afirmando que Israel e Hamas aceitaram os termos da primeira fase do plano de paz. Segundo ele, “todos os reféns mantidos pelo Hamas desde 7 de outubro de 2023 serão libertos nos próximos dias”.
A proposta inclui um prazo de 72 horas para a liberação das vítimas, além da troca por prisioneiros palestinos detidos em Israel. De acordo com o governo israelense, 48 reféns permanecem sob o poder do Hamas, dos quais 20 estariam vivos. Um porta-voz afirmou que a libertação deve começar no sábado (11).
Já o grupo palestino pediu mais tempo para devolver os corpos dos mortos em cativeiro. Em contrapartida, o governo de Israel se comprometeu a liberar detentos palestinos, incluindo mulheres e menores de idade. As ruas de Gaza, mesmo em ruínas, se transformaram em palco de comemoração.
Crianças carregavam faixas com mensagens de “fim da guerra” e famílias dançavam em praças onde antes caíam bombas. “É um dia de alívio. Queremos apenas reconstruir nossas casas e ver nossos filhos crescerem sem medo”, disse a professora Lina Abu Ziyad à agência palestina Wafa.
Apesar da euforia, o clima é de cautela. Muitos lembram que o último cessar-fogo, também mediado por Trump em janeiro, durou menos de dois meses e foi rompido unilateralmente por Israel em março.
A retomada dos ataques deixou milhares de civis mortos e agravou a crise humanitária no território. “O povo palestino já viu cessar-fogos quebrados antes. Mas ainda assim, cada pausa significa vidas salvas”, afirmou o analista político Mohammed Darwish.
Desde 2023, Gaza enfrenta o que organizações internacionais classificam como o pior colapso humanitário do século. Hospitais estão sem energia, bairros inteiros foram destruídos e mais de 35 mil pessoas morreram, segundo o Ministério da Saúde local.