Policiais militares foram até o enterro do menino Ryan da Silva Andrade (4), morto em uma operação, e intimidaram pessoas presentes nesta quinta (7), em Santos, no litoral de São Paulo. Os agentes estiveram em diferentes momentos da cerimônia, do velório ao sepultamento, e chegaram a impedir a passagem do corpo, familiares e amigos da vítima, colocando uma viatura no meio da rua.
Um dos policiais apontou uma arma em direção à fotógrafa Maria Isabel Oliveira, do jornal O Globo, e afirmou: “Toma cuidado”. Ao menos duas viaturas se posicionaram ao lado do local da cerimônia e os policiais só recuaram após serem confrontados por movimentos sociais e familiares.
Há relatos de ameaças feitas pelos PMs contra motociclistas que acompanhavam, dizendo para eles deixarem os veículos para “trocar tiros”.
AGORA: Policiais tentam intimidar e impedir a saída do cortejo pelo assassinato do menino Ryan, de 4 anos. Seu pai também foi morto pela polícia em fevereiro.
As imagens são da vereadora de Santos Débora Camilo e da equipe do nosso mandato.
Exigimos explicação, @tarcisiogdf pic.twitter.com/y5A3dKDTlm
— Monica das Pretas (@MonicaSeixas) November 7, 2024
O coronel Rogério Nery Machado, comandante da Polícia Militar na Baixada Santista e no Vale do Ribeira, afirmou que “a viatura estava em patrulhamento naquela área, visando a segurança das pessoas presentes”. O coronel Valmor Racorti, comandante do Policiamento de Choque, alegou que os agentes não tinham nenhuma ordem para interromper a cerimônia.
“Não era a orientação. Essa área é de patrulhamento. Eles estavam parados na rua Nove, o cortejo entrou na rua. Eles manobraram a viatura, realmente seguraram o cortejo por segurança para a viatura não ficar no meio do cortejo e saíram. A intenção não era interromper o cortejo, mas sim por questão de segurança retirar a viatura”, alegou.
Após o sepultamento, um policial abordou um motoqueiro na rua da frente do cemitério e acabou gerando confusão. O ouvidor da polícia Claudio Aparecido da Silva discutiu com agentes e questionou a necessidade da presença deles.
“Eu acredito que a Polícia Militar do Estado de São Paulo existe para ajudar as pessoas, mas nesse momento a polícia não está ajudando ninguém aqui”, afirmou o ouvidor após o motociclista relatar que um dos policiais deu um tapa em seu capacete.
Violência policial absurda na baixada santista! Um menino de 4 anos foi assassinado pela PM, e a família não teve sequer a chance de viver o luto e enterrar o Ryan em paz. É inaceitável! pic.twitter.com/qTkPOVCgHR
— Guilherme Boulos (@GuilhermeBoulos) November 7, 2024
Ele disse que vai acionar Luís Roberto Barroso, presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), para pedir que as operações em favelas sejam conduzidas com uso de câmeras corporais. Nenhum dos oito agentes envolvidos na morte de Ryan estava usando câmera.
O menino foi morto durante ação da Polícia Militar no Morro São Bento na última terça (5). A corporação admitiu que o tiro “possivelmente” partiu da arma de um dos agentes e alegou que o 6º Batalhão da Baixada Santista não tem câmeras corporais.
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