
A deputada licenciada Carla Zambelli (PL-SP) utilizou a sessão da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) desta quarta-feira (10/9) para confrontar o hacker Walter Delgatti e tentar minar a credibilidade de seu depoimento.
Condenada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) a 10 anos e 8 meses de prisão pela invasão ao sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), Zambelli afirmou que foi vítima de um processo baseado em “mentiras” e questionou contradições apresentadas pelo depoente.
Durante o interrogatório, a golpista presa na Itália afirmou que o único documento enviado por ela foi um rascunho de mandado de prisão contra o ministro Alexandre de Moraes, encontrado em seu celular pela Polícia Federal.
“O mandado de prisão, que é um documento encontrado no meu celular depois do acontecido pela Polícia Federal, era uma folha escrita com várias coisas. Esse mandado de prisão do ministro Alexandre de Moraes foi o único texto que eu encaminhei. Não pedi nenhum outro alvará de soltura ou mandado adicional”, alegou.
Zambelli também contestou a responsabilidade atribuída a ela por outros 15 mandados de soltura que beneficiaram criminosos de facções. “Eu nunca mandei soltar ninguém. Estou respondendo por 16 mandados, quando na verdade só existia aquele que foi usado para me incriminar”, disse.
Além disso, buscou fragilizar o depoente lembrando-o de contradições em seus relatos. Delgatti afirmou ter permanecido cerca de 20 dias na casa de Zambelli, mas ela rebateu dizendo que foram apenas algumas horas. “Você mente bastante. Inclusive já me disse que tomava oito Ritalinas por dia. Isso compromete a sua versão”, declarou.
Carla Zambelli e Walter Delgatti Neto “frente a frente” em oitiva (quase uma acareação) da CCJ na Câmara Federal.
Na oitiva, o “hacker” informou que ficou 20 dias no imóvel funcional da deputada. Carla Zambelli desmentiu. pic.twitter.com/Nkx61Exh1X
— Haftas Arden (@HaftasArden) September 10, 2025
O clima da audiência foi tenso, e em diversos momentos o presidente da CCJ, Paulo Azi (União-BA), e o relator do caso, Diego Garcia (Republicanos-PR), intervieram para solicitar que Zambelli fosse mais objetiva.
Apesar disso, a deputada insistiu em afirmar que sua pena foi inflada injustamente. “Estou condenada a 10 anos por coisas que sequer a pessoa que querem usar contra mim sabe explicar. O processo inteiro se baseia em acreditar em mim ou acreditar nele”, afirmou.
A análise do processo de perda de mandato de Zambelli está marcada para o próximo dia 17, quando a CCJ deve deliberar sobre o parecer do relator.