VÍDEO: Quadro da Globo sobre a Justiça falha ao blindar MP, que poderia evitar prisão de inocentes

Atualizado em 27 de julho de 2020 às 12:27

O Fantástico, da TV Globo, iniciou um novo quadro, o Projeto Inocência, que pretende revelar erros do Judiciário.

O quadro é extremamente importante, mas logo no episódio inicial revela uma falha gigantesca. Não mostra quem são os promotores que endossaram um crime cometido pelos policiais militares, que plantaram uma prova contra Douglas de Freitas Júnior.

Ele foi acusado por tráfico de drogas, um crise considerado hediondo.

Levou um tiro na perna para admitir que um bolsa com drogas pertencia a ele. E passou uma temporada em cadeia superlotada.

No quadro, ouve-se apenas a voz de uma promotora que defende a continuidade de sua prisão preventiva, enquanto Douglas chora.

O Ministério Público, antes de contrariar a Constituição e passar a fazer investigação, tinha como atribuição principal fiscalizar a aplicação da lei e, nessa linha, sua atribuição mais nobre era fazer o controle externo da polícia.

Desde que promotores começaram a brincar de batman, o sistema de justiça foi pervertido.

É uma pena que o Fantástico, nesse quadro tão importante, não aponte a responsabilidade pelo crescimento dos erros do Judiciário — sim, cresceu, basta ver o número de encarceramentos.

Não haveria tantos erros se o Ministério Público, titular da ação penal, voltasse a defender a sociedade diante dos abusos de policiais.

Quando o Congresso Nacional tentou resgatar o princípio constitucional de que polícia investiga e Ministério Público faz o controle externo da polícia, a Globo deu espaço ao lobby dos procuradores e promotores contra a emenda constitucional que tramitava no Congresso.

Era 2013, ano das manifestações de rua que ficaram conhecidas como Jornadas de Junho.

A reivindicação era o passe livre, mas começaram a aparecer cartazes contra o projeto que tramitava no Legislativo.

O Ministério Público ganhou mais poder, com a derrota da emenda, depois endossada pelo Supremo Tribunal Federal.

Criaram um monstro, cuja parte mais visível é a Lava Jato.

Com o projeto inocência, a Globo mostrou a consequência, mas fugiu de abordar a causa.