O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta sexta-feira (5) que Jair Bolsonaro (PL) se “autocondena” ao defender anistia antes mesmo de ser julgado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) no processo da trama golpista. Em entrevista ao SBT, em Brasília, o petista disse que “quem pede perdão antes do julgamento sabe que é culpado”.
Segundo o presidente, a estratégia de Bolsonaro deveria ser apresentar provas de inocência. “Os advogados falaram muito, mas não convenceram, porque sabem que não têm defesa. Esse cidadão deveria ter um pouco de caráter e apresentar sua defesa com contundência”, declarou. Lula acrescentou que “quem tenta agredir o Estado democrático de Direito precisa ser punido em qualquer país do mundo”.
O chefe do governo também afirmou que o processo contra Bolsonaro tem base em delações premiadas de generais e tenentes que atuaram ao lado do ex-presidente durante o governo. Para Lula, trata-se de um caso jurídico com forte impacto político, já que envolve um ex-chefe de Estado.
Na próxima semana, a Primeira Turma do STF retoma o julgamento de Bolsonaro e outros sete réus. As sessões ocorrerão entre terça e sexta-feira e contarão com os votos do relator Alexandre de Moraes e demais ministros, que decidirão se condenam ou absolvem os acusados.
Enquanto isso, o líder do PL na Câmara, deputado Sóstenes Cavalcante (RJ), elaborou uma nova versão do projeto de anistia aos envolvidos nos atos de 8 de janeiro. O texto, ainda não protocolado, prevê perdão amplo que permitiria a Bolsonaro disputar as eleições de 2026, além de incluir crimes desde o inquérito das fake news, aberto em 2019.
A proposta, segundo a Folha, é a mais abrangente apresentada até agora e contraria a estratégia do Centrão, que defende a anistia, mas sem devolver a elegibilidade a Bolsonaro. O grupo político busca viabilizar a candidatura do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), que passou a atuar diretamente nas articulações a favor do projeto de perdão.