
Mais um violento episódio marcou a noite de terça-feira (10) na Faixa de Gaza, quando forças israelenses abriram fogo contra palestinos que tentavam acessar um ponto de distribuição de alimentos na região central do território. Segundo o Ministério da Saúde palestino, a chacina deixou pelo menos 36 mortos e 207 feridos.
As Forças de Defesa de Israel (IDF) afirmaram ter disparado apenas “tiros de advertência” contra indivíduos “suspeitos” que se aproximaram de suas tropas na área de Wadi Gaza, distante do local de distribuição de ajuda.
Em nota, as autoridades israelenses declararam estar “cientes de relatos de vários feridos”, mas questionaram os números divulgados, alegando que “uma investigação inicial sugere que o número de feridos relatados não corresponde às informações mantidas pela IDF”.
Contrariando a narrativa sionista, testemunhas no local descreveram uma cena de horror, com disparos “indiscriminados” de tanques e drones contra milhares de civis famintos que aguardavam a distribuição de alimentos a centenas de metros dali. “As pessoas corriam desesperadas, mas não havia para onde fugir. Os tiros vinham de todos os lados”, relatou um sobrevivente que preferiu não se identificar.
Israel’s aid traps in #Gaza: Calling on starved civilians to walk miles to pick up food aid then fire at them with heavy machine guns and tanks. pic.twitter.com/tYnlgpUK6t
— Husam Zomlot (@hzomlot) June 10, 2025
A violência não se limitou à região central de Gaza. No sul, pelo menos oito pessoas foram mortas ao tentar obter ajuda perto de Rafah, segundo o hospital Nasser. No norte, três civis (dois homens e uma criança) morreram e mais de 130 ficaram feridos, a maioria por tiros, de acordo com o hospital Al-Awda.
Além disso, três paramédicos palestinos foram mortos em um duplo ataque israelense na Cidade de Gaza enquanto respondiam a uma explosão inicial.
Marcha Global para Gaza mobiliza ativistas internacionais
Em resposta ao genocídio, milhares de manifestantes de 51 países se preparam para a “Marcha Global para Gaza”, uma iniciativa que visa romper o cerco israelense ao território palestino. A ação, organizada por ativistas e entidades da sociedade civil, deve reunir participantes de nações como Canadá, Estados Unidos, Espanha, Turquia, Alemanha, Grécia, África do Sul, Malásia e Brasil.
Os organizadores descrevem o movimento como “cívico, apolítico e independente”, sem vinculação a partidos ou ideologias específicas. “Representamos o povo, em toda a sua diversidade e humanismo”, afirmam. A meta é chegar à fronteira de Gaza no dia 5 de junho, após uma marcha de três dias partindo da cidade egípcia de Al Arish.
Adriana Machado, brasileira que participará da mobilização, resume o sentimento de muitos ativistas: “A gente acorda todo dia com imagens de crianças sendo mortas em Gaza e não podemos ficar em silêncio. Essa Marcha é resultado de uma organização mundial que quer lutar contra o imperialismo e o sionismo, que cometem esse genocídio”.