
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou nesta terça-feira (15) que a imposição das tarifas de 50% sobre produtos brasileiros foi feita “porque eu posso fazer”. A resposta foi dada a jornalistas que questionaram o republicano sobre o aumento dos tributos, o maior entre mais de 20 países que sofrerão restrições comerciais a partir de 1º de agosto. Trump reforçou que o objetivo é aumentar a arrecadação americana, sem apresentar justificativas econômicas plausíveis para o tarifaço.
Em carta enviada ao presidente Lula, Trump alegou que a medida seria uma resposta ao que considera uma relação comercial “injusta” com o Brasil, apesar de dados oficiais indicarem que os Estados Unidos acumulam superávit na balança com o país há 16 anos. Além disso, o republicano voltou a mencionar o julgamento de Jair Bolsonaro no STF, chamando-o de “vergonha internacional” e classificando o processo como “caça às bruxas”, mesmo sem apresentar provas.
Trump também condicionou o fim das tarifas à instalação de fábricas brasileiras em território americano. O vice-presidente Geraldo Alckmin, por sua vez, reuniu-se com empresários brasileiros para discutir formas de contornar a crise comercial e afirmou que o governo não pretende pedir o adiamento do tarifaço, preferindo buscar soluções até o fim do mês. Setores como o agronegócio já demonstraram preocupação com os impactos imediatos sobre empregos e produção.
A justificativa de Trump para o tarifaço mistura alegações políticas e comerciais, numa tentativa de reforçar sua retórica nacionalista e fortalecer seu discurso junto à base eleitoral. O argumento de que há um déficit com o Brasil, contradito por dados oficiais, reforça o caráter geopolítico da medida, mais alinhado à guerra comercial contra a China do que a eventuais disputas econômicas reais com o Brasil.
Trump ainda minimizou sua relação com Bolsonaro, afirmando que “não é que ele seja meu amigo, é alguém que eu conheço”, mas destacou que o ex-presidente brasileiro “não é um homem desonesto” e que “ama o povo brasileiro”. A defesa pública reforça o alinhamento entre os dois líderes da extrema direita global, ambos sob investigação ou julgamento em seus respectivos países.
O governo Lula publicou um decreto regulamentando a Lei de Reciprocidade Econômica, que define como o Brasil poderá retaliar os EUA. Ainda assim, Alckmin sinalizou que o objetivo do Planalto é resolver a crise antes da entrada em vigor das tarifas, sem recorrer imediatamente à retaliação, mesmo sob pressão de empresários prejudicados.
Publicamos hoje no Diário Oficial da União o decreto Nº 12.551, assinado por mim, que regulamenta a Lei nº 15.122 de Reciprocidade Econômica e cria o Comitê Interministerial de Negociação e Contramedidas Econômicas e Comerciais, para adoção de medidas de proteção à economia… pic.twitter.com/BmtfHgf5uT
— Lula (@LulaOficial) July 15, 2025