Anderson Torres, ex-ministro da Justiça do governo Jair Bolsonaro (PL), disse, durante depoimento à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8 de janeiro nesta terça-feira (8), que a minuta do golpe encontrada em sua casa é uma “aberração jurídica”.
“A polícia encontrou em minha casa um texto apócrifo, sem data, uma fantasiosa minuta. (o texto) vai para a coleção de absurdos que constantemente chegam a detentores de cargos públicos. Vários documentos vinham de diversas fontes para que fossem submetidos ao ministro. (…) Basta uma breve leitura para que se perceba ser imprestável para qualquer fim, uma verdadeira aberração jurídica”, disse.
“Este papel não foi para o lixo, por mero descuido. Não sei quem entregou este documento apócrifo e desconheço as circunstâncias em que foi produzido. Sequer cogitei encaminhar ou mostrar para alguém. Soube pela imprensa que outras pessoas haviam recebido documentos com teor semelhante e que estes circulavam pela internet. Esta é a verdade. Nada mais posso dizer sobre isso”.
O simpatizante do ex-mandatário também disse que reconheceu prontamente a derrota de Bolsonaro para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas eleições do ano passado:
“Fui o primeiro ministro a receber a equipe de transição. No caso, do ministro Flávio Dino que seria meu sucessor. Tudo correu dentro da normalidade ao que diz respeito ao ministério da Justiça”, declarou o bolsonarista.
Ao falar sobre o 8 de janeiro, Torres ressaltou que sua viagem aos Estados Unidos foi programa em novembro e que não recebeu nenhum alerta sobre os atos terroristas promovidos por bolsonaristas nas sedes dos Três Poderes, em Brasília.
“Essa viagem foi programada com antecedência e as passagens compradas em 21 de novembro. Se eu tivesse recebido qualquer alerta não teria viajado”, disse o ex-ministro.
Torres também negou que tenha interferido na PRF para fazer operações em estradas e obstruir a chegada a locais de votação no segundo turno das eleições de 2022 em regiões com predominância de eleitores de Lula.
“Sempre agi dentro da lei, respeitando a hierarquia e a disciplina que são os pilares da Polícia Federal. Procurei dar o exemplo como ministro, respeitando a autonomia da Polícia Federal e da Polícia Rodoviária Federal, nunca interferi em investigação ou assuntos internos destas corporações. Nunca permiti que a polícia fosse usada para perseguir adversários do governo”, declarou.
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