
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou no último domingo (19) que a Argentina “não tem dinheiro” e “está morrendo”, em referência à grave crise econômica enfrentada pelo governo de Javier Milei. A declaração foi feita a bordo do Air Force One, durante conversa com repórteres, e veio após críticas à injeção de capital estadunidense no país vizinho.
“Nada está beneficiando a Argentina, eles estão lutando por suas vidas. Você entende o que isso significa? Eles não têm dinheiro. Eles não têm nada. Eles estão lutando tanto para sobreviver. Eles estão morrendo”, disse Trump.
A fala, de tom dramático, ilustra a percepção da Casa Branca sobre a fragilidade financeira do país sul-americano, que enfrenta queda no PIB, inflação acima de 150% e desvalorização acelerada do peso.
Apesar da situação descrita, Trump afirmou que os Estados Unidos continuarão a apoiar a Argentina, inclusive com um pacote econômico bilionário.
Segundo ele, a medida incluiria uma linha de crédito de US$ 20 bilhões ao Banco Central argentino e a possível compra de carne bovina para abastecer o mercado interno dos Estados Unidos. A proposta, conduzida pelo secretário do Tesouro, Scott Bessent, visa também conter o aumento dos preços da carne no país.
Donald Trump, hoje:
“A Argentina está morrendo. Eles não têm dinheiro, não têm nada” pic.twitter.com/cidf7oETwt
— Sam Pancher (@SamPancher) October 20, 2025
O presidente estadunidense disse que a ajuda financeira depende diretamente do sucesso político de Milei nas eleições legislativas marcadas para outubro. “Se ele não ganhar, não vamos perder nosso tempo”, afirmou Trump, indicando que o pacote é condicionado à continuidade do governo liberal argentino. O republicano vê Milei como um aliado ideológico e estratégico na América do Sul.
A Casa Branca tem se preocupado com o impacto regional da crise argentina, enquanto o Fundo Monetário Internacional reduziu a previsão de crescimento do país para 2025 de 5,5% para 4,5%.
Trump, por outro lado, tem utilizado o tema para justificar medidas voltadas à estabilidade econômica nos Estados Unidos. Ele anunciou que estuda ampliar as importações de carne argentina como forma de reduzir os preços domésticos, pressionados pela seca no Texas e pela queda nas importações mexicanas devido a uma praga que afeta o gado.
A fala do presidente ocorre no momento em que os preços da carne bovina atingem os maiores níveis dos últimos cinco anos nos Estados Unidos, alimentando críticas de consumidores e de opositores políticos. “Vamos trabalhar sobre essa questão para manter a inflação sob controle”, disse Trump.
A iniciativa também é vista como parte de uma estratégia geopolítica para estreitar laços comerciais com governos ideologicamente próximos e reduzir a dependência de fornecedores asiáticos.